O primeiro passo para os 90km de Comrades

Decidir participar de qualquer corrida é sempre simples: basta pegar informações, fazer contas, se programar, treinar e esperar a data.

Só que, quando uma corrida tem um significado especial, tudo muda de figura. Para mim, Comrades é exatamente isso: um símbolo de uma série de mudanças na vida que me permitiram conquistas pessoais e profissionais que me dão muito orgulho.

Não pretendo entrar em detalhes sobre minha história de vida como um todo – não é este o propósito do blog. Mas, dado que se trata de um primeiro post, nada mais justo do que ao menos pontuar alguns casos.

Em 2009, eu pesava 100kg, era absolutamente sedentário, estava angustiado na vida profissional e diagnosticado com 6 nódulos no fígado que acabaram gerando a necessidade de se tirar metade do órgão. Depois de uma cirurgia de 16 horas e de uma recuperação absolutamente dolorosa, acabei sem nenhum tipo de doença – mas voltando ao peso antigo de escorregão em escorregão. Até que, em 2011, minha mulher ficou grávida – e aí tudo mudou.

De repente, me peguei pensando que não veria a minha filha crescer, que estava jogando fora a melhor oportunidade que a vida poderia dar a alguem – a própria vida – e que estava agindo como um asno daqueles bem teimosos. Esgotado de tanta angústia, a decisão foi simples: estava na hora de mudar.

E mudar também foi simples (como tudo na vida depois que se toma uma decisão segura): bastou iniciar uma dieta, comprar um tênis e dar os primeiros passos. Em março do mesmo ano.

Em abril, me inscrevi na primeira corrida: uma Mizuno 10 Milhas (das quais fiz 2,5) aqui em São Paulo. E foi o que bastou.

A partir daí, descobri que ter uma meta para o próprio corpo (seja de perder peso, aumentar distância ou diminuir tempo) é um dos incentivos mais incríveis que se pode ter.

Aí descobri que existem jeitos certos e errados de se correr, que forma importa e que o mundo inteiro pratica esse esporte, que permite se cruzar cidades, câniones, desertos e montanhas impulsionado pelo suor e pela mais pura endorfina.

Em pouco tempo a vida mudou de forma dramática e, hoje, estou com 70kg, completamente saudável, plenamente feliz com minha família e vivendo um momento profissional extremamente realizado.

Correr não foi o que me “salvou”, por assim dizer. Nada na vida tem uma receita tão simples, única.

Mas foi o que me permitiu tempo na rua – tempo para pensar, a cada passada, nas decisões e na forma de lidar com o mundo. Correr não mudou a minha vida, mas sim a minha percepção sobre a vida, permitindo a tomada de decisões muito mais saudáveis sobre absolutamente tudo.

E onde entra Comrades nisso tudo? Como uma linha de chegada de um fluxo de mudanças que resultou, pieguices à parte, no que posso considerar como a mais plena felicidade.

Comrades é a metáfora perfeita de tudo o que enfrentei e de todas as mudanças pelas quais passei até agora. E, se é verdade assumir que o treinamento começou sob o calor de março de 2011, é também verdade dizer que a fase mais intensa do treinamento para completar os seus 89,9km começam agora. Em outubro de 2013.

Com este post.

Tá na hora de correr.

Banner no cabeçalho do site da Comrades

2 comentários em “O primeiro passo para os 90km de Comrades

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