Em um treinamento de corrida, há sempre subidas e SUBIDAS. Há momentos em que se busca um pace mais rápido, em estilo tempo, e outros em que se insere ladeiras em longões de 2 ou 3 horas para se apimentar um pouco o percurso.
E há ladeiras daquelas que parecem ter sido feitas para treino de alpinismo, íngremes o suficiente para não se encaixarem em longões e nem em treinos de velocidade. Para Comrades, treinar em ladeiras como essas é essencial para o ganho de capacidade aeróbica e de resistência. Essa que pontua as minhas quintas-feiras – a subida da Al. Ministro Rocha Azevedo, com cerca de 500 metros entre as Alamedas Lorena e Jaú, já nas proximidades da Paulista, é uma delas.
Após uma rodagem relativamente leve de 10km, as pernas ainda estão tranquilas e o pulmão parece descansado até que se avista a “montanha”. Aí, já nos primeiros passos, a palavra “treinamento” começa a ter um outro sentido. Os passos tentam desacelerar na mesma medida em que o pulmão começa a dominar o cérebro. Mas o ritmo persiste.
Uma espécie de ardor frio começa a subir do estômago, como lâminas rasgando até a garganta. Mas o ritmo persiste.
Pernas começam a doer. Músculos parecem saltar. Ritmo persiste.
Os olhos avistam o topo da ladeira e já levam alguma sensação de conforto enquanto o pulmão, a essa altura, já grita em desespero. Manter o ritmo fica difícil, tenso. A ideia de caminhar surge, do nada, mas é rapidamente repelida pela necessidade da sensação de missão cumprida.
Mais alguns metros.
O topo logo ali, onde pessoas paradas parecem se questionar sobre o louco correndo ladeira acima.
Briga entre corpo e mente.
Até que o topo chega – ufa! De lá, é só administrar uma chegada já com sensação de alívio.
E isso porque foram só 500 metros, dos quais apenas 200, mais ou menos, eram realmente (mesmo que ridiculamente) íngremes. Ainda bem que Comrades ainda está distante por alguns meses – dará tempo de dominar a Ministro bem e chegar na África preparado para engolir os tantos morros famosos que delineiam o percurso.
Enquanto isso, todas as quintas serão assim: ladeira acima pela Ministro, em paces crescentes até que pulmão e pernas mal sintam a diferença ou o esforço altimétrico. E vamo que vamo!
Abaixo, alguns materiais que para ilustrar melhor: mapa do percurso, altimetria e uma imagem da ladeira:
Muito bacana seu relato. Vindo hoje para o trabalho do Butantã até a República, de bicicleta, resolvi mudar um pouco o meu caminho e me deparei com a tal subida. Realmente impressiona. Gostaria de saber a inclinação máxima dela em graus, você tem essa info? Parabéns pelo blog!
Oi Bruno! Sinceramente, não sei! Aliás, se souber de alguma app que mensure o grau de inclinação por favor me fale que resolvo isso na semana que vem 🙂
Nunca consegui visualizar direito uma subida pelo grau de inclinação, mas realmente já passou da hora de eu aprender!