Parte de todo treinamento importante deveria sempre incluir uma mudança no cronograma do corredor.
Algo acontece quando você troca noites por manhãs, sacramenta o fim de corridinhas mais curtas ou, como no meu caso, acrescenta um dia.
Ontem minha planilha oficialmente mudou, passando a ter 5 treinos semanais que incluem uma tempo de 20 minutos na terça e uma subida bem intensa na quarta (hoje).
De repente, é como se todo o processo de Comrades tivesse oficialmente iniciado, com mudanças em ritmo, esforço, tempo na rua e nutrição (que comento no futuro).
E fazer dois dias sequenciais de treinos mais puxados realmente diz ao corpo que há mudanças no ar. A dor passa a ser algo mais presente e mesmo desejado uma vez que indica músculos se fortalecendo, trabalhando duro para estarem prontos no 1 de junho.
A sensação de haver uma meta a ser alcançada se torna mais presente, mais viva. Isso não apenas motiva, como parece dar um novo sentido a cada passada.
A atenção à forma se intensifica, principalmente pela importância que ela ganha por ser um componente fundamental na prevenção de lesões facilitadas pelo aumento da carga.
A cada punhado de minutos, a mente força um checkup no corpo: pace, postura, pisada, respiração.
O GPS do relógio, companheiro indispensável, aponta ritmo que parece magicamente ter melhorado de forma natural, sem um acréscimo proposital de esforço.
Tudo muda na mente quando o corpo passa a adotar uma rotina diferente. Na verdade, essa sensação é tão intensa que, por um instante, você acredita que tudo à sua volta esteja um pouco diferente.
Até que você acorda do transe endorfinado, olha ao redor e percebe que árvores, asfalto, lago, céu e anônimos são todos idênticos há décadas e que nada, de fato, mudou.
A não ser, claro, você mesmo.
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