Desde que fiz a transição para um estilo barefoot, há pouco mais de um ano, correr realmente virou algo muito mais “fácil”: dores articulares praticamente desapareceram e nenhuma lesão surgiu, em nenhuma parte do corpo.
Mas eu nunca tinha, de fato, me atentado para o efeito da cadência na redução do cansaço em treinos e provas longas.
Uma das “regras” para se correr no estilo barefoot, por assim dizer, é buscar tocar o solo sempre com o peito do pé e jamais com o calcanhar, o que gera uma espécie de propulsão natural do corpo. Para fazer isso, é necessário tocar o solo com o pé de forma alinhada ao tronco – o que também significa diminuir o tamanho das passadas.
Essa diminuição no tamanho das passadas, por sua vez, é naturalmente compensada pelo aumento na cadência – ou seja, na quantidade de passos dados por minuto.
Traduzindo: para manter-se correndo a uma velocidade interessante, basta apenas ampliar a quantidade de passos por minuto ao invés de ampliar a largura de cada passo.
E isso ajuda em um ponto lógico, mas que costuma ser pouco comentado: ao diminuir o tamanho de cada passada, você também minimiza o impacto delas no próprio corpo. Passadas menores, afinal, erguem-se menos em relação ao solo, diminuindo o efeito da gravidade ao tocar nele. Tudo de forma natural, suave.
Fiquei pensando nisso durante o longão de hoje, de 28K, na região da USP: buscando ficar próximo aos 180 passos por minuto (considerado ideal para a manutenção de uma forma perfeita), acabei cansando menos e chegando ainda com gás para rodar alguns Kms. Isso, aliás, tem sido uma constante nos longões, mostrando que o corpo está fazendo o seu trabalho de adaptação ao estilo de treinamentos que tenho aplicado.
Mas, desde que me dei conta disso, passei a ficar especialmente atento. Quando me sinto mais cansado, com mais dores na região dos pés ou tornozelo, corrijo a forma diminuindo a largura das passadas e ampliando a quantidade de passos por minuto. O efeito é imediato, incluindo a manutenção (ou mesmo aumento) de velocidade com uma redução significativa na sensação de esforço.
E, convenhamos, diminuir o cansaço sistemicamente para uma prova como Comrades é algo no mínimo importante!
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