Há diferença entre correr uma maratona + um regenerativo de 10K e fazer 52K divididos de forma praticamente igual por três dias (18+17+17)?
Não sou nenhum cientista do esporte e só posso me basear por mim mesmo, mas hoje tive a sensação que 52K/ 3 dias, de fato, cansa mais.
A teoria que elocubrei para embasar essa possivelmente infundada opinião é simples:
1) Depois de dormir com 18K nas pernas, acorda-se naturalmente cansado, pesado. As articulações ficam enrigecidas, os músculos apertam um pouco. Mas se consegue ignorar a dor e seguir adiante.
2) No dia seguinte, os primeiros 10K chegam a ser revigorantes: a musculatura se solta, o sangue flui melhor e todo o corpo parece novo. Mas, em algum momento no meio dos 7K seguintes, o cansaço bate sem dó! Tudo fica pior e mais intenso.
3) Ao acordar no terceiro dia, o corpo reclama muito. E o efeito regenerativo do começo da corrida seguinte parece não existir mais: é como se o corpo descobrisse a tentativa de enganá-lo e se recusasse a ceder. E, assim, os últimos 17K são puro esforço mental.
Não que uma maratona não doa – mas há algo escondido nesse dormir e acordar entre quilômetros que cria um novo tipo de desafio para o corpo. Na maratona, tudo acaba em um tiro só e se pode comemorar após a única linha de chegada. E mesmo adicionando 10K no dia seguinte, eles servem mais como uma massagem bem vinda ao corpo.
Em uma corrida de etapas, no entanto, há algumas linhas de chegada – e cada uma delas precisa ser conquistada com o suor acumulado do dia anterior.
Não quero chorar pitangas demais por aqui – afinal, foram mesmo apenas 52K (e não 135 milhas como uma Badwater). Mas, para mim, foi uma experiência curiosamente diferente, nova.
Estou cansado. Mas quer saber? Curti!