Em silêncio, pequenas pulsações parecem denunciar o trabalho de recuperação muscular na região entre tornozelo e pernas. Leves, mas vez por outra se transformando em ondas de choques reconfortantes, gostosos.
Essa já parece ser a rotina dos meus dias de descanso – hoje, infelizmente, atrapalhada por um vôo a trabalho que me forçou acordar às 4:00 da manhã. A cada semana, esse dia de descanso parece virar mais e mais importante.
As articulações, que amanhecem mais tesas, duras, têm tempo para se aquecer sem a pressa das passadas rápidas; os músculos podem respirar melhor nem que seja por algumas bem vindas horas longes das ruas; e o próprio sistema cardiovascular pode respirar mais sossegado.
Nesse ponto, o dia de descanso parece ser o de treinamento mais intenso para o corpo – o dia em que ele mais corre para se recuperar e se preparar para os treinos mais intensos.
Tenho alguma admiração por quem corre todos os dias da semana, o que me parece beirar o status de super humano. Eu não consigo, e essa deficiência se torna ainda mais aguda em preparações para ultras marcadas por períodos longos nas ruas. Se fizesse isso, acabaria privando o meu corpo do seu próprio trabalho de recuperação e imporia uma falência certa a todo o processo.
Hoje é dia de descanso, véspera de uma série de quatro treinos consecutivos por conta da viagem a Londres na sexta à noite (e compensando, portanto, a falta do longão do sâbado).
Hoje é dia de aproveitar, quase que conscientemente, cada choque de regeneração que sinto na musculatura do corpo.
Hoje é dia de deixar a engrenagem correr para se recuperar e deixar o corpo pronto para correr e se preparar melhor para Comrades.
Salve o sagrado dia de descanso!
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