Por conta da viagem na sexta à noite (o que me impedirá de fazer o longão no sábado), acabei modificando a planilha da semana e espremendo alguns treinos de terça a sexta, sem folga. Até aí, nada demais – ajustes fazem parte da vida de qualquer corredor que precisa conciliar o esporte com o seu cotidiano profissional e familiar, somando aí três “vidas paralelas”, por assim dizer.
A questão é que, nos últimos dias, notei uma perda significativa de velocidade nos treinos na mesma medida em que mais volume se acumula na musculatura. Ou seja: se, há poucas semanas, estava habituado a correr na casa dos 5’30″/km, hoje estou em torno dos 6’/km. Uma perda média de 30 segundos.
Não é que não consiga acelerar mais – é que, quando tento, logo logo algumas dores voltam a surgir no tornozelo e as pernas pesam um pouco mais, muito embora o sistema cardiovascular pareça aguentar tranquilamente.
Como estamos em abril, mês de pico no treinamento para Comrades, entendo ser normal que o cansaço já comece a gerar os seus efeitos. Soma-se a isso também o lado mental, cujo medo de qualquer tipo de lesão a essa altura acabe impondo uma espécie de limite mais baixo à performance.
Mas talvez o próprio processo de treinamento que adotei precise, no futuro, de algum ajuste. Talvez fosse o caso de ter me acostumado mais cedo a uma carga maior de volume, dando mais tempo de aclimatação para que o corpo não passasse por vales como esse. Talvez fosse o caso de trocar as tempo runs de 20 minutos por time trials de 8km já desde o começo, o que teria me permitido entrar na fase de pico com uma velocidade maior.
Ou, talvez, tudo isso seja absolutamente normal. Como é a minha primeira Comrades, fica difícil traçar qualquer conclusão que não seja baseada em hipóteses soltas ou opiniões de terceiros.
Ainda assim, repensar o passado não trará muito efeito agora. Resta desenhar o plano para essa reta final.
E, como o principal fato é que, se acelerar mais em treinos, começo a sentir dor, não me parece haver outra alternativa que não me encaixar mesmo na casa dos 6’a 6’30” (para os longões) até a prova.
Como a minha meta é de sub-11h00 (o que dá um pace de até 7’24″/km), isso ainda me dá uma relativa tranquilidade (mesmo porque, em todos os treinos, mantenho o relógio ligado mesmo durante pausas para hidratação ou qualquer coisa).
Enfim, vamos com o plano. Não é hora de testar novos limites.
Ricardo,
Isto é um processo natural, à medida que as distâncias percorridas vão aumentando, o corpo reage com a diminuição da velocidade. Pelo que venho acompanhando, seus treinamentos estão muito bem orientados. No dia da prova, vai perceber que a velocidade não era tão primordial e sim a constância do ritmo. Por outro lado, o treinamento para ultramaratonas condiciona o corpo a uma otimização fisiológica, aprimorando o gasto energético. Caso você tenha o hábito de utilizar o frequencímetro, faça uma correlação entre pace e batimento cardíaco. A tendência é que você esteja dentro da janela entre L1 (limite aeróbico) e L2 (limite anaeróbico) para manter o esforço. Daqui para frente é cautela e caldo de galinha. Ultra abraço,
Dionísio Silvestre
http://correrpurapaixao.blogspot.com.br/
Estou exatamente assim mesmo, Dionísio – entre o L1 e L2. Não tinha me atentado a isso antes mas, depois que falou, corri para as estatísticas do frequencímetro e elas bateram. Valeu!