Correr em uma cidade nova – qualquer que seja ela – é sempre algo estimulante. Afinal, as paisagens são diferentes, os percursos são novos e o processo de viagem interna, por assim dizer, assume características no mínimo mais marcantes.
Quando a cidade é incrível por si só, todo esse efeito parece ser fortalecido à enésima potência.
Meu treino hoje passou pela Trafalgar Square, pela Westminster Abbey, parlamento inglês, Palácio de Buckingham, atravessou a Avenida The Mall – primeira a receber iluminação pública no mundo – e contou com um giro pelo incrível Hyde Park.
Foi um passeio pela história da Inglaterra (e, até certo ponto, do mundo). A cada passo, uma descoberta nova em alguma rua, algum monumento ou prédio. Foi muito, muito difícil se cansar com tanta energia no ar que acabava sendo captada quase organicamente pela respiração.
A maior dificuldade dessa semana será passar um dia sem correr – afinal, esse período entre 5 e 7 da manhã é o único que terei para conhecer a cidade uma vez que estou aqui a trabalho (e com um cronograma de reuniões que certamente foi organizado por um sádico que não gostava muito de mim).
Essa parte do treinamento para Comrades, portanto, terá contornos diferentes, incluindo um dos elementos que mais me faz amar a corrida. Afinal, serão apenas essas solitárias horas da madrugada, naqueles instantes logo antes do sol nascer, que terei para desbravar uma das mais incríveis cidades do planeta. Será uma espécie de corte dramático no tecido da realidade cotidiana que me transportará diretamente do trabalho para a história e, depois, da História para o mundo real.
Será correr não contra o tempo, mas praticamente através dele, brincando com passado, presente e futuro sem nenhum tipo de pudor.
Tem como não amar esse esporte?
Rumo a Comrades 2022 
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