Há dois caminhos que se costuma percorrer de forma paralela ao final de um treinamento longo – ao menos para mim.
O primeiro envolve a parte física. Na semana de pico de treinamento, estou me sentindo forte, confiante e preparado para Comrades. As pernas doem, é verdade – mas nada demais. Depois do longão desse sábado terei mais algumas semanas puxadas e a fase de tapering, com a redução dramática do volume para recuperar a musculatura. Não sou muito fanático por esta fase por conta dos efeitos colaterais que ela gera, incluindo dores esquisitas por todo o corpo e uma maior suscetibilidade a gripes. Mas, enfim, faz parte.
O outro caminho é mental e, para mim, inclui já começar a pensar em qual será a próxima meta. Sei que estou no final de um treinamento, aliás, quando me pego pesquisando na Web novas corridas e novos desafios – que é precisamente o que estou fazendo. E todas, aliás, são ultras – às vezes nos encontramos de maneira decisiva em alguma modalidade.
Nos últimos dias cheguei a me inscrever na JFK 50, uma ultra de 50 milhas no nordeste americano que passa pela Appalachian Trail, em uma cordilheira lindíssima. Mas já me peguei pensando também na Transvulcania (nas Ilhas Canárias), na corrida dos Templários (interior da França) etc. A cada novo desafio que pesquiso, mais energia brota.
Cada vez que menciono isso a alguém ouço que é besteira, que deveria me focar mais no que tenho pela frente do que olhar para um futuro ainda incerto. Ouço que ainda não sei como será a sensação de completar os primeiros 90K da “carreira”, que muita coisa pode acontecer etc. etc. etc.
Mas acho que cada um tem o seu próprio processo mental, a sua forma de lidar com desafios. A minha é ter metas sempre à vista no curto e longo prazo.
Comrades já está chegando e, sendo franco, estou amando cada passo dado no treinamento até aqui.
Talvez a JFK 50 seja a próxima. Talvez não.
Mas apenas pensar nisso já é algo revigorante para a mente. Ultra revigorante 🙂
Rumo a Comrades 2022 
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