Faltam 37 dias

Falta pouco mais de um mês.

A essa altura, o treinamento já começa a gritar para todos os mais de 18 mil inscritos. Alguns ficaram pelo caminho, seja por lesão ou por um compreensível temor. Outros sentem a empolgação correr no sangue a cada olhada para o calendário.

O final da planilha já fica visível, muito embora ainda restem alguns duros (mas, a essa altura, absolutamente viáveis) quilômetros. As pernas andam meio tensas, mas fortes. Seguras a cada passo.

Corridas de 16 ou 20K, que eram os longões de meses atrás, agora são parte dos dias leves do meio da semana.

Ladeiras complicadas como a da Ministro ficaram mais fáceis, como se tivessem diminuído o gradiente de inclinação a passe de mágica. A subida do Matão, na USP, agora é feita sem sequer exigir uma mudança no ritmo de respiração.

Ritmo, aliás, passou a ser a palavra de ordem nessa reta final. Sem sobressaltos, a vida e todos os seus imprevistos acabou se inserindo, se estruturando e se pautando por entre inspirações e expirações bem divididas, oxigenadas.

Faltam exatos 37 dias para a Comrades.

37 dias para dar o primeiro passo dos 89km para os quais tenho dedicado tantos meses.

37 dias para suar por mais de 10 horas sobre o solo africano.

37 dias para encerrar uma jornada que, muito embora seja pouco compreendida por praticamente todo mundo que não corre, significa muito para mim.

Que esses 37 dias passem com a mesma leveza, motivação e saúde que os últimos 6 meses.