Hoje o cansaço bateu. E forte.
Já foi difícil levantar às 5, depois de um dia agitado, para tomar as ruas – mas essa dificuldade foi superada pela sensação de que todo o corpo estava absolutamente exausto. Não é que tudo doía: dor certamente não é a palavra certa.
Tudo apenas se fazia presente, como se fosse possível sentir, em profundidade, cada uma das células, cada músculo, cada articulação e até mesmo cada pelo.
Mas saí, ainda com a noite dominando o horizonte sem núvens do outono paulistano, para o segundo dia da dobradinha de 16K. Com direito a treino em ladeira, diga-se de passagem.
A rua, em silêncio, parecia meio descrente da presença de uma meia dúzia de corredores interrompendo o momento de pausa temporal que costuma preceder a manhã. Mas seguíamos.
Correr bem cedo tem suas vantagens: o tempo parece render mais, a cidade fica mais sua e há uma troca silenciosa de olhares de corredores que se cruzam confirmando essa compreensão mútua do momento.
A paisagem, então, vira outra. Não me segurei e parei logo ao chegar no Ibira para uma foto, de tão incrível que estava o horizonte. Parei, fotografei, e segui.
O ar da manhã, o silêncio entrecortado por passadas, as pessoas, tudo funcionou como uma espécie de remédio motivacional.
Não vou dizer que tive uma corrida perfeita: o cansaço realmente tomou conta do corpo e cheguei agradecendo aos Orixás por amanhã ser um dia de descanso.
Mas posso dizer que, apesar disso, a mera sensação de testemunhar o dia nascer entre passadas fez cada quilômetro valer a pena.
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