Quando saí de casa hoje, brigando com o despertador depois de uma noite bem mal dormida, estava ainda com algumas dores no corpo – principalmente na região lombar.
Não tinha tantas expectativas para o longão do dia, de cerca de 31K – mas estava, como sempre, disposto a tentar.
Saí de casa e desci rumo à USP. Dei uma volta, penando um pouco na subida do Matão. Dei duas voltas. O cansaço parecia estar mais forte. Subidas ficavam mais íngremes. O tempo se arrastava.
Enfim, tudo estava como eu temia. Até o instante em que eu entrei na reta final da USP, já para cruzar a saída e voltar para casa.
De repente, sem nenhum sinal, o corpo encaixou um confortabilíssimo pace de 4’55” a 5’00″/km. o cansaço evaporou junto com as dores e uma onda de endorfina parecia me empurrar adiante. Estava rápido, bem mais do que costumo ficar nos dias de longão que em que troco intensidade por quantidade.
Estava também tranquilo, quase sem esforço para manter o pique ao ponto de ter cortado praticamente todas as pausas para caminhada nesse terço final.
Preocupado com possíveis danos ao corpo, cheguei a tentar desacelerar, quebrar o ritmo – mas, misteriosamente, isso trouxe de volta todo o desconforto que havia desaparecido. Aí acelerei de novo – e tudo melhorou.
Só quebrei o ritmo mesmo quando estava já perto de casa, na subida da Bela Cintra, com o cansaço se fazendo presente.
E terminei, com split bem negativo e contrariando qualquer previsão, um dos longões mais intensos e gostosos que já tive.
Corrida é incrível: nós realmente nunca sabemos o que vai acontecer depois que dermos o primeiro passo!
Não costumo encarar com tanto otimismo as esquisitices súbitas do corpo que, em geral, indicam que algo está torto, errado. Mas, nesse caso, o resultado foi tão bom que concederei o benefício da dúvida e seguirei adiante, afastando neuras desnecessárias!
Rumo a Comrades 2022 