Voando pela noite

Por algum motivo qualquer, eu simplesmente não consegui levantar cedo ontem. Sempre corro pela manhã, com o despertador já cantando nervoso e gerando alguns grunhidos da minha mulher a partir das 5:00.

Mas ontem ele continuou ressonando solto, perdido, irritante. Até ser desligado. Em um raro rompante, eu desisti de sair às ruas e me entreguei a Morfeu por mais algumas valiosas horas.

Depois, o inevitável: a dúvida sobre como conseguiria encaixar 1h40 de corrida em um dia absolutamente tumultuado como o que teria pela frente.

Dizem que quando se está disposto a dar um jeito em qualquer que seja a situação o universo acaba conspirando a favor. Pois é: o dia turbulento acabou se transformando em horas de calmaria depois que uma sequência de reuniões tensas foi subitamente desmarcada por pura (e bem vinda) coincidência.

E, assim, por volta das 18:30 – praticamente o meio da tarde para quem trabalha com Internet – lá fui eu tomar o caminho do parque.

Quase nunca corro à noite, mas devo dizer que a experiência foi excelente. Primeiro, pela mudança de clima: enquanto a manhã é recheada de corredores voando com peito estufado, imersos em suas passadas enquanto abraçam os desafios por vir, tenho a sensação que os notívagos usam a corrida também como uma fuga de um dia pesado. Ambos ficam concentrados – mas os semblantes deixam claro que enquanto um se foca nas passadas, o outro se foca no passado.

E essa sutil diferença, por si só, já ajuda a mudar o clima, os ares, o ambiente.

Segundo, pelos efeitos da corrida. Por algum motivo qualquer, tenho a sensação que corro mais rápido e com menos esforço à noite. Talvez por ter sido aquecido pelas horas na lida, talvez pela alimentação que tenha gerado um melhor preparo, talvez por uma espécie de osmose transmitindo para as pernas a pressa dos que estão no trânsito. Seja o que for, funciona. E é bom.

E, finalmente, há aquela sensação de que terminarei a corrida mais próximo de um descanso maior na cama – e não no escritório.

Enfim, não é que eu vá trocar a noite pela manhã: por mil motivos, adoro mesmo acordar cedo e já dar as boas vindas ao sol na rua. Mas uma mudança de rotina, vez por outra, faz bem.

Talvez tenha sido por isso que meu corpo me forçou a ficar na cama na manhã de ontem – para me lembrar que correr é bom a qualquer hora.

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