Perder a corrida da quarta de manhã bagunçou toda a programação – ainda bem.
Acabei tomando as ruas à noite – o que fez com que quinta cedo fosse perigosamente próxima demais. Depois das 17:00 da quinta, por sua vez, eu estaria impossibilitado de correr por conta de um novo teste ergoespirométrico agendado para hoje no final da tarde (por algum motivo, os resultados do anterior foram inconclusivos e há a necessidade de as passar 24 horas anteriores sem exercício algum).
Mas, se tem alguma coisa que aprendi com a corrida, é que a gente sempre arruma tempo. E esse tempo, que acabou se organizando entre quarta à noite e quinta ao meio dia, acabou me fazendo perceber que o próprio dia acaba ditando o ritmo da corrida, qualquer que seja ela.
Explico:
Em primeiro lugar, é importante entender que prefiro correr de manhã cedo, preferencialmente antes do sol raiar. Isso me dá tempo de sair e voltar para casa antes de todos acordarem, organizando o meu dia, os pensamentos e os desafios por vir a cada passada. É um momento zen pessoal, importantíssimo para a minha sanidade como um todo, e que faz parte de um contexto maior que inclui o ar da manhã (sempre mais leve), a temperatura mais amena e aquela sensação de começo que traz junto esperança e expectativa por um dia bom.
Corri raras vezes à tarde – e ontem foi uma delas. Tudo é diferente: a temperatura é mais elevada e as ruas são absolutamente apressadas. Carros não param na faixa, por mais que se implore; motoboys te olham torto por estar no caminho de suas entregas; e os parques ficam relativamente vazios (exceto por guardas, estudantes matando aulas e um ou outro sujeito de terno pensando na vida). Curiosamente, fui mais lento nessa espécie de “entretempo”: cansei mais, senti cada passada. Por outro lado, embora não tenha conseguido me concentrar na corrida em si, acabei topando em uma solução perfeita para um problema que estava enfrentando aqui no trabalho.
À noite, o clima muda novamente. Os carros deixam de ser tão acelerados e ficam como que estacionados no trânsito; os parques voltam a ficar cheios; os olhares dos corredores mudam. Todos estão fechando o dia, focando as atenções no passado ao invés de nas passadas. Há uma espécie de ar de cansaço mental que parece absorver boa parte dos corredores noturnos, como se estivessem fugindo de dias que teimam em não terminar. E, junto com esse processo, há também uma catarse importante, uma ruptura entre o momento do trabalho e o momento da família. É o encerramento – período onde a expectativa da manhã e a agilidade da tarde cedem espaço para um bem vindo descanso para a mente.
No final, correr nesses três horários tem os seus pros e contras, variando não apenas de acordo com o estilo de cada corredor mas também com o momento em que estão vivendo.
Ao menos por enquanto, continuo preferindo a manhã: inspiração endorfinada, para mim, dá mais efeito antes do cotidiano se impor. Mas só a experiência de, na mesma semana, experimentar esses três tempos do dia, já vale muito!
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