Há cerca de duas semanas fiz tanto ecocardiograma quanto um teste ergoespirométrico para ter certeza de que o corpo estava bem.
Aparentemente o corpo está – muito embora o teste em si tenha sido uma novela. Saí do INCOR com a informação de que estava perfeito, com VO2Máx (volume máximo de oxigênio que o corpo consegue captar do ambiente e utilizar), segundo a médica, na casa dos 64 mL/kg/min. Fiquei me achando um superhomem (e depois descobri que ela havia me passado a informação errada).
Poucos dias depois, me ligaram pedindo para refazer o exame porque haviam perdido os resultados do primeiro. Triste – principalmente porque isso significou ter que raspar todo o peito novamente. Mas, enfim, lá fui eu de volta ao INCOR refazer tudo.
Dessa vez eles mudaram o protocolo do treino para “D”, incluindo a inserção de uma inclinação aliada ao aumento de velocidade.
Bom… vamos às considerações:
Características do teste
O teste inteiro, na esteira, durou 12’42” (sendo 10’42” de exercício e 2″ em descanso). A potência máxima foi alcançada a um pace de 6min/km com inclinação de 16% na esteira. Honestamente, esperava mais.
VO2 Pico e VO2 Máx
O período de treino que estava – saindo do pico de volume – acabou atrapalhando um pouco. Afinal, com pernas que já começam cansadas, o corpo resiste menos tempo. Por conta disso não atingi o meu VO2 Máx e recebi apenas o VO2 Pico. Em linhas bem gerais: o VO2 Pico substitui o VO2 Máx nos resultados quando a exaustão vem por fadiga muscular e não por “falta de ar”. Em outras palavras, como disse acima, “faltou perna”. Ainda assim, o resultado foi muito positivo, com o VO2 Pico em 52,7 mL/kg/min (e consumo máximo de oxigênio de 3,935 L/min). Como referência, para a minha faixa etária qualquer coisa acima de 48 é excelente. UFA!
Limiar Anaeróbico e PCR
O limiar anaeróbico foi atingido em 6 minutos de exercício, com frequência cardíaca de 147BPM (equivalente a 79% da frequência máxima atingida, de 185BPM). Meu Ponto de Compensação Respiratória (PCR, ou segundo limiar anaeróbico) foi de 176BPM (ou 95% da frequência máxima atingida). De maneira geral, treinos regenerativos deveriam ser feitos abaixo do primeiro limiar, longões no primeiro limiar e provas mais rápidas (ou treinos de tiro) mais próximas do segundo (ou PCR). No caso de Comrades, por ser uma ultra, o ideal seria ficar bem próximo ao primeiro limiar.
Aqui, no entanto, cabe uma observação: há um determinado limite de tempo em prova a partir do qual correr pela frequência cardíaca deixa de ser útil, em geral em torno do marco da maratona. O motivo é que, com a manutenção do esforço e perda de hidratação, mais sangue é escoado para a pele e menos fica disponível para o restante do corpo. Com isso, o volume de batimentos diminui, complicando um pouco o cálculo.
Assim, o entendimento dos limiares acabará servindo mais para treinamentos futuros do que para provas (ao menos no caso de ultras). Sem problemas: fica de lição para o futuro!
Demais resultados
No mais, tudo foi normal. Minha frequência cardíaca de repouso foi de 66BPM e a frequência máxima atingida foi de 185BPM (um pouco acima da prevista para a idade). Minha pressão de repouso foi 12×8 e no exercício máximo, de 19×8. O ecocardiograma, por sua vez, foi também todo normal, assim como indicadores de exame de sangue.
A essa altura, esses dados não servem tanto para a prova em si – e obviamente não ficarei com eles em mente durante a corrida. Mas é bom conhecê-los e é um alívio saber que estou bem de saúde, preparado para encarar o caminho entre Pietermaritzburg e Durban!
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