Definindo a estratégia de pace para a Maratona de SP

Quando corri Chicago, minha estratégia para bater as 3h30 era a óbvia: ficar o tempo todo abaixo dos 4m55s/km. Simples e provavelmente até mesmo viável, não fosse a multidão incendiária acompanhando cada um dos 42km do percurso gritando o nome dos corredores e fazendo todo mundo se sentir um queniano.

O resultado da multidão? Ignorei a estratégia logo nos primeiros metros e, quase sem perceber, fui boa parte do percurso bem abaixo dos 4m30s. Lá pelas tantas, o famoso urso pulou nas minhas costas e me impôs uma diminuição brutal no ritmo. Segurei o máximo que pude e, já com os primeiros sinais de câimbra, cruzei a linha de chegada em um estado lastimável e com um tempo de 3h38. Tudo bem: não bati a minha meta, mas bati o meu recorde pessoal.

O aprendizado que ficou: de alguma maneira, quando se corre por tempo, é fundamental manter a concentração fixa e alternar o foco apenas entre pernas e relógio.

Não há como comparar Chicago a Sampa: aqui, as ruas ficam desertas na maratona e o que atrapalha mesmo é “só” a organização da YesCom que, ao desconsiderar a possibilidade de largada por ondas, incentiva um tumulto que faz a largada parecer com a véspera de Natal na 25 de Março.

Mas não adianta chorar sobre o leite derramado: já sabia que a organização era precária antes de me inscrever. Agora é lidar com isso.

E lidar com isso significa entender que o primeiro quilômetro deve ser mais lento do que a média na prova. Média, diga-se de passagem, que variará de acordo com as minhas duas metas.

Meta A: Chegar em menos de 3h40. Não preciso bater o meu recorde pessoal – mas esse tempo me faria largar no pelotão C da Comrades, algo muito interessante dado o volume de gente que participará dessa edição comemorativa de 90 anos. Chegar nesse tempo significará fazer um pace médio de 5m11s/km – puxado mas, creio, viável. Mesmo que no limite.

O marco da meia maratona será o checkpoint da prova. Se estiver muito cansado, diminuirei o ritmo para chegar na meta B, que descrevo abaixo; se estiver relativamente tranquilo, manterei o pace; e se, por alguma iluminação divina qualquer, estiver me sentindo como novo, descerei para 4m50s – o que me fará bater meu recorde pessoal. Só não pretendo contar com isso.

Meta B: Aqui, portanto, o objetivo será assegurar a sub-4 e uma largada no pelotão D da Comrades. Se não conseguir, terei que me inscrever em outra maratona até lá – algo que espero, mesmo, não ser necessário. Pace médio exigido aqui: 5m39s/km.

Pelo que tenho feito nos treinos, a meta B parece bem viável – quase fácil, até. O risco será apenas uma eventual quebra pela busca da meta A, o que realmente pode colocar tudo a perder.

Mas não pensemos nisso. Diferente de ultras, maratona é pura busca de performance e não arriscar significa se conformar.

E isso eu realmente não quero para mim.

Maratona de São Paulo

2 comentários em “Definindo a estratégia de pace para a Maratona de SP

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