Assim que o iPhone cantou 7 horas da manhã – um pouco mais tarde que o usual, diga-se de passagem – voei para a rua.
O dia estava um pouco mais fresco que ontem, mas com um céu azul digno de um verão que ainda não chegou. Clima seco, talvez um pouco demais, mas suavizado por uma brisa leve e convidativa.
Hora de começar o dia.
Pelo ponto do treino em que estou, ficar na casa dos 5’10″/km beira a obrigação: a maratona é em pouco mais de uma semana e não quero nem pensar na possibilidade de não atingir ao menos uma das minhas duas metas e ter que buscar outra prova como qualificação oara a Comrades.
Segui, portanto, no pace certo.
E não é que ele pareceu até fácil? Depois do aquecimento nos primeiros minutos, o foco saiu da respiração e foi para o audiobook que falava sem parar pelos fones.
Dele, as vozes foram se apagando enquanto a atenção migrava para a rua. Depois para o céu.
Para o parque, verde e marrom pontilhado por corredores e ciclistas.
Para o dia pela frente.
Para os desafios que se amontoavam neste já tão esperado fim de ano.
Para o ar que, mesmo em Sampa, fica ridiculamente puro entre as trilhas do Ibirapuera.
De vez em quando olhava o relógio: pace firme, às vezes até rápido demais. Pausei para água, voltei, fechei a volta, tomei o rumo de casa.
Os passos no asfalto estavam tão forte na minha cabeça que mal lembrava que estava escutando um audiobook. Ignorei tudo. Pelo menos até me dar conta que estava em frente ao portão de entrada do meu prédio.
Aí sim desliguei a corrida, saindo do estado alfa e me dando conta que estava um pouco atrasado e com uma lista de tarefas para as próximas horas que fazia a memória precisar de post-its.
Estava coberto de suor, sentindo o sangue pulsar pelas veias e o pulmão puxar ar com toda a força. Estava cansado da uma hora correndo a todo vapor – mas, ao mesmo tempo e pelo mesmo motivo, absolutamente relaxado.
Hora de começar o dia.
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