Quando treinava para qualquer ultra – Two Oceans, Comrades ou a DUT – tinha um regime de horário extremamente rígido: tempo na rua, afinal, era uma das ferramentas de treino mais importantes.
Me habituei a levantar às 5:00, a sair com tudo ainda escuro, a ver o sol nascer do parque. Cheguei a um ponto em que levantava sem despertador algum: o próprio relógio biológico já abria as minhas pálpebras e colocava os tênis nos pés, me empurrando porta afora.
E eu gostava do ritmo e dos seus resultados, incluindo uma sensação de atividade que durava todo o dia e turbinava uma sensação de bem estar incrível.
Agora, no entanto, meu objetivo de curto prazo é fazer um tempo bom em uma Maratona (a de SP, no dia 19), distância menor da que me habituei a correr. Resultado? O volume de quilômetros caiu dramaticamente, indo de 80 a 100 por semana para a casa dos 60. E, com uma intensidade maior, o tempo na rua acaba caindo ainda mais.
O corpo, claro, se adaptou.
Para que acordar às 6 em um sábado se, ao invés de 4 horas, só preciso fazer um longão de 2? Melhor acordar às 8! E em dias úteis? Basta levantar às 7 (ao invés das 5:30) e tudo funciona.
Com isso, o relógio biológico inteiro mudou – e de uma maneira ruim: acordar às 8 em um sábado está, hoje, muito mais difícil do que era acordar às 6. Excesso de tempo gera preguiça.
Pior: há dias em que, depois de brigar com o despertador, eu até desisto de treinar de manhã e passo para a noite.
Preguiça puxa mais preguiça.
Preferia a vida de ultra, acordando mais cedo e fazendo as horas renderem mais. Me sentia mais alerta, mais energizado, mais vivo.
Tomara que o dia 19 chegue e passe logo para que eu volte a me concentrar em provas mais extensas. Estou com saudade da rotina antiga.
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