Pshh, pshh, pshh, pshh.
Em silêncio, os passos foram desenhando ritmo nas ruas.
Pshh, pshh, pshh, pshh.
Treino de hoje: uma hora em ritmo de maratona.
Sem podcast, audiobooks ou música nos ouvidos.
Sem pensar em rotas diferentes: escolhi o percurso normal, óbvio, aliviando a mente de qualquer tipo de escolha.
Hoje foi só ritmo. Interrompido apenas, às vezes, por decisões e debates repassando na cabeça, por buscas de soluções e tentativas de quebrar aquelas pequenas contradições que marcam o qualquer cotidiano.
Decisões, no entanto, não foram tomadas. Não era dia disso.
Era dia apenas de ritmo, de normalizar a mente com passadas constantes e olhos alternando entre os cruzamentos à frente e o relógio no pulso.
Pshh, pshh, pshh, pshh.
Volta dada no parque sem que eu sequer percebesse a existência de outras pessoas ao meu lado. Era só eu e o asfalto. Como às vezes deve ser.
A corrida foi tão silenciosa e solitária, aliás, que quando terminou cheguei a me questionar se ela realmente existiu ou se estava sonhando.
Acho que ambos aconteceram. Sim, é óbvio que ela existiu.
Mas sim: também foi uma espécie de sonho, muito embora estivesse com pálpebras abertas, cruzando a cidade e com o coração acima do ritmo normal.
E, acima de tudo, foi um treino absolutamente necessário.
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