Meta A: Sub-3h40m.
Meta B: Sub-4h.
Realidade: 4:15:11, já confirmados no site.
Sendo bem direto: quebrei sem misericórdia na maratona. Quando cruzei a linha de chegada, já praticamente me arrastando, estava mais exausto do que quando terminei Comrades em junho. Com tanto treinamento feito e uma segurança tão forte quanto aos resultados, o que, exatamente, aconteceu?
Corridas de longa distância sempre tem algo a nos ensinar – principalmente quando achamos que já sabemos o suficiente.
Vamos a um pequeno review:
O percurso era relativamente plano (com um ganho altimétrico médio de 420m) e quase que absolutamente descoberto. Com largada tarde, às 8:00, o calor já mostrou logo a que veio, sem tréguas.
E, de fato, um dos termômetros ao longo do percurso chegou a marcar 36 graus (!) – um verdadeiro inferno principalmente considerando um trecho interminável pela Marginal Pinheiros, onde o sol parecia queimar mais e o cheiro vindo do rio deixava um gosto ácido em todo o organismo. Aos poucos, o calor foi detonando todas as minhas expectativas de uma boa prova.
Isso sem contar com a falta completa de atrativos no percurso: em quase todo o tempo se via apenas apenas Marginal, túneis, pontes e apenas dois trechos razoáveis nas proximidades do Ibirapuera e dentro da USP. Insuficientes para empolgar.
Exigentes com a mente, principalmente considerando, repito, o calor.
Muito calor.
Não dá para expressar, aliás, o quão quente estava o percurso.
Além disso, passei também por dois perrengues. O primeiro foi erro meu: comprei os “gels” errados, com um sabor absolutamente nauseante (açaí com guaraná), o que me fez correr o tempo todo com estômago vazio.
O segundo, no entanto, foi falha da organização: faltou água em um dos postos de apoio já nos 6km finais, algo que deixou alguns corredores bem, BEM irritados. Estávamos, afinal, correndo sob a superfície do sol e em um clima mais seco que o Saara.
O efeito final de tudo isso foi devastador: 4h15m, entre 15 e 35 minutos além da meta para a qual eu treinei tanto.
Mas não quero terceirizar a “culpa”: afinal, eu já sabia que a corrida seria dura por conta do sol e da falta de paisagem. Só que acabei me planejando mal, entrando com um excesso de autoconfiança que acabou deixando a minha meta além do alcançável.
Lição que fica para a próxima prova dura: sempre considerar os fatores externos de uma maratona ou ultra, principalmente quando eles aparecem com tanta intensidade, com mais respeito.
Hoje, o sol realmente me venceu.
Não consegui o tempo que queria, mas pelo menos foi o suficiente para eu largar na baia F da Comrades. É o ideal? Não.
Mas é o que se tem e eu não pretendo, pelo menos agora, fazer outra maratona de rua até lá.
De agora até a Comrades, volto para as trilhas.
Mas deixando claro: quem quiser testar seus limites deve pensar seriamente em participar da Maratona de SP. Mesmo em um ano sem calor, o próprio modelo de percurso praticamente desenhado para ter poucos atrativos demanda um poder de concentração e autocontrole incrível.
Enquanto isso, meus gráficos da semana abaixo: tanto o da prova de hoje quanto o resumo da semana.
já desisti de fazer esta
como foi a largada?pela tv parece uma confusão….
já desisti de fazer esta
como foi a largada?pela tv parece uma confusão….
Oi Alex! Foi menos confuso do q em outras provas da Yescom, para falar a verdade. Mas, ainda assim, poderia ter sido MUITO melhor organizada!
36 graus ao sol deve ser impiedoso. Impressionante o seu registo de km’s rodados, você estava muito bem preparado, mas contra 36º e essas condições… Acho que a hidratação era muito complicada, numa maratona você não vai preparado como na ultra com a mochila de hidratação (assumo eu, não sei se foi o caso) e como vai com ritmo acelerado, acaba bebendo pouco. Posso assegurar que na minha primeira maratona foi o maior problema pois perdi muita água e muito sal. Um corredor que faça menos de 2h30′ não tem esse tipo de problemas tão extremo. Você tomou electrólitos? Na próxima vou preparado com isso: http://www.hammernutritionpro.co.uk/Endurolytes-120-Capsules_p_112.html Para condições como a que encontrou, de 36º, talvez o melhor fossem mesmo esses: http://www.hammernutritionpro.co.uk/Endurolytes-EXTREME-120-Capsules_p_235.html
É impressionante a diferença que faz tomar electrólitos quando está calor extremo. Muita sensação de moleza, enjoo, caimbra, é devido a isso e não a falta de hidratos. Também vi que reduzir o sal na alimentação ajuda a precisar de menos sal durante uma prova, o corpo se habitua. Penso fazer a marathon des sables um dia, talvez dentro de 2 anos! 🙂 E boas trilhas! Também me vai saber muito bem sair da estrada em Dezembro e voltar a treinar trail. Penso que é bom mudar de ciclos de treino, na estrada ficamos melhores corredores, mais rápidos, mas depois sabe bem sair do asfalto!
abraço e parabéns pela prova!
Tomei só dois saquinhos de Gatorade que estavam dando – mas quanto a isso nem tive problemas. Sal e eletrolitos ficaram bem regulados, até. O problema foi o resto todo!
Tb tenho vontade de fazer Sables – muito embora não tenha ideia de como lidar com o calor de lá, tão mais intenso que o daqui. Mas acho que basta treinar, não é verdade?
Boa sorte em Málaga! Vou acompanhando a jornada por aqui!
Ricardo. As largadas foram todas juntas? A partir de que km vc conseguiu imprimir o ritmo desejado? Como falei, pela tv, achei uma zona a largada….
As largadas foram juntas, mas já logo depois do km 1 eu consegui encaixar o pace. E assim foi até o 31, quando eu me desmontei todo
Ricardo, sou carioca, porém vivo no NE deste 1985, a minha tese é que no calor (vivo no calor 12 meses) dá para encarar bem até 30Km, largando cedo é lógico, mais, só se a prova for noturna. Agora o sol nasce 5hs em ponto e 6hs já castiga muito, após 8h é impraticável correr. Maratona é CLIMA. Parabéns por ter ido até os 30Km bem!!!!
Ricardo,
Uma sugestão apenas. Aproveite o treinamento já realizado, as rodagens que fará nas trilhas e a cilada que o calor te proporcionou, para marcar na sua agenda de corrida a Maratona de Curitiba, que será realizada daqui a 30 dias. Não é tão longe de São Paulo.
Ultra abraço e bons treinos!!!
Dionísio Silvestre
http://correrpurapaixao.blogspot.com.br/
Oi Dionísio! Longe, realmente não é…. mas estou com um pouco de preguiça de fazer outra maratona de rua por agora, considerando tantas ultras legais em montanha…
Como a maratona de sp ainda está fresca na cabeça, vamos ver se o pensamento muda daqui a alguns dias….
Belo e realista relato de prova. A prova foi dura. Estive lá e a sensação foi a mesma. De Plano A e B, reprogramei para o B, que foi fechar a prova. Meta 3h40, mas prova fechada em 4h12. Lições para o futuro! Fiz um breve relato em:
http://correagora.wordpress.com/
Po, acabamos sincronizando até as metas 🙂