Depois das difíceis subidas da primeira metade, é hora de entrar em um ritmo mais calmo. Claro: “calma”, aqui, é uma palavra que deve ser entendida com cautela. A corrida é a Comrades, longe de ser fácil – e esse percurso de Durban a Pietermaritzburg é de subida.
Isso significa que de Drummond até Inchanga há ainda uma longa subida de quase 4km com alguns trechos bem íngremes.
Saindo de Inchanga se estará no marco de 50km. O trecho de lá até Cato Ridge é um dos mais agradáveis, com uma altimetria mais leve e vistas que compensarão. Aqui, portanto, é um lugar para usar a energia que deverá ter sido poupada da metade anterior.
Essa “facilidade” acaba em Camperdown, quando se passa a subir até o ponto mais alto do percurso todo, em Umlaas Road. É difícil, sim – mas com uma espécie de bônus inspiracional por ser a última grande “escalada”.
De lá em diante há uma descida mais pesada, uma cansativa subida de Little Polly’s e, em seguida, o último dos Big 5, Polly Shorts, já bem perto de Pietermaritzburg. O morro não é dos maiores – mas é mais íngreme do que o que parece pelo mapa e costuma “matar” corredores que tentam desrespeitá-lo.
O cansaço aqui já estará batendo forte e, na medida em que a linha de chegada se aproxima, deixa-se de correr com a mente e passa-se a correr com o coração embalado pelos gritos da torcida. Serão 7km de Polly Shorts até a chegada – quase todos em uma leve descida.
O estádio da chegada é BEM menor que o de Durban no percurso “down-run” – mas isso traz uma sensação de proximidade maior com o público.
Proximidade ou não, será hora de comemorar, chorar, e de conquistar o direito de usar a pequena medalha dessa que é a mais incrível das grandes ultras do mundo.
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