Na semana passada estava um pouco preocupado com esse estágio final de treino. Não sabia se deveria considerar a Estrada Real como o longão mais forte ou se deveria puxar mais neste final de semana, nem que fosse por uma questão puramente motivacional.
Detesto ficar no limbo da indecisão – sempre detestei. Assim, de um minuto para o outro, decidi aproveitar o feriado e inserir na sexta cedo alguma coisa na casa dos 50km. Decisão perfeita.
O treino inteiro foi em ritmo leve, fechando na média de 7m13s/ km, e incluindo uma série de subidas fortes o suficiente para simular o percurso africano. A rota em si não poderia ter sido melhor: foi uma espécie de volta por São Paulo, passando por pontos que amo correr da cidade e que funcionaram como uma espécie de viagem histórica por todos os séculos que sustentam a metrópole, desde a época da sua fundação até os movimentos dos bandeirantes, as primeiras fazendas no Morumbi, a proclamação da independência nas margens do Ipiranga, a revolução de 32, a industrialização, a decadência do centro etc. Em cada curva uma imagem diferente, uma sensação forte e, ainda bem, um ritmo se desenrolando de maneira inacreditavelmente fluida.
No total, concluí o longão em exatos 53K ainda forte e incrivelmente inteiro. À noite estava já recuperado e hoje, domingo, saí para fechar os 90km semanais em um trote sob o sol e o céu azul do Ibirapuera.
E, agora, enquanto escrevo este post, dá para sentir as veias pulsarem regeneração pelos tornozelos e pernas, dá para respirar mais aliviado e começar a programar a “descida” até a linha de chegada. Mas isso, claro, fica para a semana que vem.
Para esta, o fechamento carrega duas observações:
1) No comparativo com o ano passado, fica nítida a diferença na consistência: em 2014, o foco exclusivo em Comrades e uma falta de experiência na distância gerou um processo uniforme, constante, de evolução. Em 2015, treinos em trilhas derrubaram paces médios severamente e outras ultras de trilha (em janeiro e abril) inseriram um ingrediente a mais no caldo. Estou entrando na fase final de Comrades com a sensação de estar mais experiente e preparado do que no ano passado – mas com uma evolução de velocidade nitidamente menor. Se conseguir chegar em um tempo inferior, isso significa que experiência e mente realmente contam ainda mais do que eu imaginava.
2) Mesmo sem olhar o treinamento do ano passado, essa dança de volumetria, pace e tempo fica muito clara. E quer saber? Talvez isso tenha funcionado a meu favor, me permitindo colecionar experiências diferentes sem sequer me aproximar de uma lesão. Essas experiências diferentes, repito, tem um nome: trilhas. São mais lentas, mais longas e muito mais bonitas. Geram inconsistências no ritmo, mas fazem grupos musculares diferentes trabalharem mais, fortalecem a capacidade de concentração e valem cada minuto.
Show Ricardo, você ainda está fazendo low-carb?
Está iniciando o treino em Jejum? Está fazendo alguma reposição durante o treino ou após o treino?
Estou sim André! Aumentei um pouco o consumo de carboidrato (para a casa dos 74g/ dia) porque estava perdendo peso demais e ainda não fiz uma segunda leva de exames. Mas posso afirmar que, de longe, nunca me senti melhor, mais bem disposto e com uma regeneração muscular mais rápida. Queria ter descoberto isso antes!