Faltam exatos 7 dias.
Para ser mais exato, em 7 dias eu estari me arrumando para largar.
Não dá para dizer que esse ano de treinamento tenha sido consistente: com outras ultras no meio e toda a descoberta de trilhas, passei os últimos doze meses entre altos e baixos de quilometragem, pace e tempo sobre os pés.
Mas quer saber? Mesmo com todas as inconsistências e variações – ou talvez por conta delas – estou entrando na reta final me sentindo mais forte e preparado. Experiência, talvez, tenha esse efeito.
Ultras não tem a ver com exercício físico ou com saúde – até porque passar 10, 12, 15 horas dificilmente pode ser considerado saudável. Ultras tem a ver com se conhecer melhor, com se descobrir, se entender e aprender a dialogar consigo mesmo. E nesse processo acaba-se confiando mais em si mesmo e nas suas próprias capacidades ao ponto de se conseguir parar no meio de uma trilha qualquer, ignorando o tempo, e simplesmente observar a vida ao redor.
Na Comrades passada eu estava mais treinado, seguindo um roteiro de precisão milimétrica e dominando muita teoria por trás das grandes distâncias. Esse ano, no entanto, segui meu próprio ritmo, ouvindo o corpo e entrando em uma sintonia que, na prática, mais se assemelha a uma curva de eletrocardiograma do que a uma estrutura planejada.
Quais serão os resultados práticos disso? Nem ideia.
Acho que descobrirei em uma semana. Mas não consigo deixar de arriscar um palpite de que, por conta de todas essas mudanças, será algo mais fácil que no ano passado.
Rumo a Comrades 2022 
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