“Será algo para as minhas duas filhas se orgulharem de mim no futuro, quando já tiverem idade de entender a magnitude desse projeto”, disse à minha esposa na mesa do café da manhã.
“Sem sombra de dúvidas. Não é um projeto qualquer”, ela concordou.
Do outro lado da mesa, Isa, minha mais velha, parou o que estava fazendo e perguntou do que estávamos falando. Respondi e, prontamente, ela desceu da cadeira, desviou o carrinho de bebê onde a irmã dormia, voou até o seu quarto e, em segundos, voltou.
“Eu tenho um real inteiro em moedinhas. Posso te dar tudo para ajudar as crianças.”
Era o que faltava para me convencer a me candidatar para o time dos Unogwaja 2018.
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Existe toda uma história por trás dos Unogwaja – história que, eventualmente, contarei por aqui. Por hora, basta dizer que se trata de uma jornada de 11 dias de duração, sendo 10 deles cruzando a África do Sul em cerca de 1.650km, e o décimo primeiro correndo a Comrades, mais importante ultramaratona do mundo, com 89km. Mas essa é apenas a parte final da jornada. O começo inclui meses de treinamento intenso, preparo físico e mental e de arrecadação de fundos: cada um dos 12 atletas selecionados mundo afora terá uma responsabilidade pessoal de levantar 50.000 Rands (algo como R$ 12 mil) a serem doados para instituições de caridade africanas.
A conversa que tive na mesa do café da manhã com minha família foi no dia 2 de julho deste ano. No dia 3, data em que as inscrições abriam, submeti a minha candidatura logo pela manhã.
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Um mês inteiro já se passou. Nesse período, munido de alguma confiança qualquer de que eu efetivamente seria aprovado pelo grupo, comprei uma bike, reaprendi a pedalar, entrei em uma assessoria e fiz o meu primeiro calendário de treinos híbridos, mesclando ciclismo com corrida.
Hoje, dia 3 de agosto, é a véspera do fechamento das inscrições. Há ainda um longo mês de espera – somente no dia 1 de setembro é que os atletas parte do time serão oficialmente anunciados.
Em outras palavras: estou, hoje, treinando duro e me preparando física e espiritualmente para um futuro que sequer sei se chegará.
Mas, no fundo, a vida inteira não é exatamente assim? Um preparo intenso para um futuro que, na prática, não temos ideia quando ou mesmo se virá?
O importante, creio – tanto na vida quanto nesta jornada pessoal – é tomar a decisão que se faz necessária e seguir em frente.
Um passo depois do outro.
Sem parar.
Nobre amigo Ricardo!!! a quem admiro tanto pela maneira ímpar no trato literário, quanto ao entusiasmo e dedicação que emprega nas empreitadas e desafios de corrida… o que comentar nesta hora? – Confiar e perseverar!!! Assim seu sonho se concretizará, pois os outros generosos atributos de doação ao próximo, nasceram junto contigo. Shosholoza!!!
Valeu Dionísio!! Tomara que essa jornada dê certo. Estou empolgado como poucas vezes antes já estive!
Fantástico Ricardo ! Conte com meu apoio, incluindo para levantamento de fundos. E se tiver flexibilidade em alocar recursos tenho um “pet projeto” : ajudar a comprar uns frangos para uma comunidade pobre. Os primeiros 2 mil usd foram investidos 9 o ano passado ( e um projeto de alunos de uma escola de DC com apoio financeiro da UN Foundation), mas aparentemente um inverno frio não permitiu criar os pintainhos necessários a sustentabilidade do projeto. Mais detalhes adiante!
Valeu Bel! Saberei mais detalhes em setembro e te falarei! Obrigado pelo apoio!