OK. Está na hora de falar um pouco mais sobre esse desafio para o qual me candidatei (e torço diariamente para ser selecionado).
Historicamente, o Unogwaja nasceu a partir da experiência de um corredor, Phil Masterton-Smith, que venceu a Comrades em 1931.
Dois anos depois, em 1933, ele se viu sem dinheiro para comprar a passagem de trem de Cape Town, onde morava, até a largada da ultra, em Pietermaritzburg. O que ele fez? Arrumou uma bicicleta e pedalou por 1660km, cruzando a África do Sul de ponta a ponta, até chegar na largada.
Phil não venceu a prova nesse ano, mas sua determinação acabou se transformando em lenda.
Anos, então, se passaram.
Em 2011, um grupo de sul-africanos liderado por John McInroy se inspirou na jornada de Phil e decidiu reeditá-la como um evento beneficente, cruzando o país em busca de doações para comunidades carentes.
Funcionou.
O evento se repetiria todos os anos a partir daí – e sempre com a mesma configuração: 10 dias cobrindo 1660km de pedal seguidos pelos 89km da Comrades no décimo primeiro dia.
A arrecadação também funcionou: até hoje, os Unogwaja já somaram milhões de Rands em todo o mundo – montante que cresce também por conta da exposição internacional que o grupo vem recebendo.
Grupo, acrescento, absolutamente heterodoxo. Há um processo de seleção todo ano que escolhe cerca de 12 atletas em todo o mundo, todos se responsabilizando por conseguir, individualmente, pelo menos 50 mil Rands (ou aproximadamente R$ 12 mil).
E eles conseguem. Sempre.
Como também conseguem, com esse dinheiro e com a inspiração que invariavelmente vem com a história e com a jornada, ajudar a mudar as vidas de tantos milhares de africanos que vivem impressionantemente abaixo da linha de miséria.
Phil Masterton-Smith – cujo apelido era Unogwaja, ou “lebre” em zulu – morreu sem saber o legado que estava deixando: ele foi vítima de um morteiro em 1942, durante a II Guerra Mundial, enquanto servia na cidade de Tobruk.
Os Unogwajas modernos, no entanto, garantem que esse legado sobreviva ainda por muitos anos.
Eis o mapa do percurso inteiro, abaixo (com cores dividindo cada um dos dias da jornada):
Eis também um vídeo, em inglês, contendo um documentário sobre o evento feito em 2016:
Inspirador.
Deixe um comentário