Hoje é dia de descobrir como era rodar 1.650km pela África nos anos 30

Claro: os relatos existentes são poucos.

Para falar a verdade, não se sabe ao certo nem a rota que Phil Masterton-Smith usou para ir de Cape Town a Pietermaritzburg no pedal, a tempo de largar na Comrades de 1933.

Mas, quando se escreve biografias e histórias reais, como é o caso aqui no livro que estou estruturando, preenche-se falta de fatos com obviedades romanceadas.

Se você fosse um corredor desesperado para largar na prova da sua vida depois de ser tão massacrado pelo destino, e se só tivesse a sua bicicleta como veículo, por onde iria? Pelo caminho mais prático, claro.

Não necessariamente o mais curto: este poderia ter montanhas, rios, animais ou outros obstáculos em excesso. Também não necessariamente o mais rápido, que poderia ser árido demais e, portanto, ter carros de menos. 

Se você fosse um corredor desesperado para chegar na largada da Comrades em 10 dias de bicicleta, certamente optaria pelo caminho que oferecesse mais chances de caronas, que fosse mais plano, mais seguro (sob todos os aspectos) e mais “fácil” (se é que essa palavra possa ser usada). 

Não tenho dúvidas de que foi isso que Phil fez em 1933. E sabe de uma coisa? Foi também exatamente isso o que o Stoff, mentor logístico do Unogwaja, fez para criar o “caminho moderno” do desafio. Claro: a África de 2011 certamente é bem diferente da de 1933 – mas há coisas que evoluem a passos mais lentos que o próprio tempo. 

Daqui a pouco farei a minha primeira entrevista com o Stoff para tentar entender o caminho de Phil, caçar indícios de sua presença real por ele e fechar uma das partes mais belas de toda essa lenda. Como eram as regiões? As cidades de hoje já existiam? Quais as principais dificuldades do caminho? Por que, exatamente, essa rota ao invés de tantas outras que certamente já existiam? Sendo bem prático, somente o Stoff, hoje, pode responder a questões assim com alguma propriedade.

Depois, almoçarei com o Nato Amaral, que fez o percurso duas vezes e poderá me passar uma visão de atleta real, de ciclista-corredor. Não como foi planejar, mas como foi pedalar, executar, vivenciar.

Aí será comigo. E com a história – que, às vezes, parece ter vida própria e escrever-se a si mesma.

Como disse antes, em algum post do passado: escrever a história dessa lenda que foi Phil Masterton-Smith, o Unogwaja, tem sido uma aventura incrível dentro de uma aventura inesquecível.

2 comentários em “Hoje é dia de descobrir como era rodar 1.650km pela África nos anos 30

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