A cada seis meses, mais ou menos, faço toda uma bateria de exames de sangue para acompanhar indicadores extremamente relevantes para mim, que já passei por seis tumores no fígado.
Desde março de 2015, no entanto, acompanho esses exames com um interesse diferente: foi quando decidi partir para uma dieta low-carb, high fat (ou, na tradução, de baixíssimo teor de carboidrato e altíssimo de gordura).
A dieta tem como objetivo primário justamente controlar a produção de insulina. Não entrarei em pormenores científicos aqui, mas posto o box abaixo que explica de maneira bem clara o papel que a insulina desempenha no corpo (clique para ver mais):
Para quem pratica esportes de endurance, há um outro ganho (que foi precisamente o que busquei quando mergulhei de cabeça nessa dieta): a capacidade do corpo usar a gordura, e não o carboidrato, como combustível. Onde está a vantagem nisso? Enquanto nosso estoque de gordura é gigantesco, o de carboidrato é minúsculo (o que, basicamente, força qualquer atleta habituado a dietas mais tradicionais a ficar se empanturrando de gel e gatorades em provas das mais diversas distâncias).
Pois bem: no meu caso, desde que fiz essa transição, senti efeitos extremamente positivos em todo o organismo. Com o corpo habituado, treinado a consumir gordura, consigo me manter em atividade por horas a fio sem precisar comer nada e sem sentir nenhum tipo de falta de combustível para prosseguir. Perfeito para quem corre ultras.
E qual é, exatamente, a dieta que sigo?
Uma quantidade insana de ovos com bacon – muito bacon; bullet-proof coffee (café batido com manteiga e óleo de côco); carnes extremamente gordurosas; iogurte grego integral; leite integra; legumes variados.
O que não como? Grãos, pão, massas em geral.
OK: tirando os resultados da dieta em relação ao esporte em si, vamos aos indicadores, todos eles desenhados nos gráficos abaixo.
Indicadores hepáticos
Os indicadores mais sensíveis para mim são os hepáticos (claro). De maneira geral, todos se mantiveram estáveis e dentro dos limites, destacando Gama-GT, TGO, TGP e Ferritina.
A Ferritina, que sempre foi perigosamente alta, é especialmente importante para mim. Ela também demandou um pequeno ajuste na minha dieta low-carb. Logo que comecei, comia carne vermelha quase que diariamente – o que elevou meus níveis uma vez que a absorção de ferro a partir delas é altíssima. Diminuí o consumo de carne vermelha (para algo como uma vez por quinzena) no final de março de 2015 – e a Ferritina caiu imediatamente, como pode ser visto abaixo.
Hoje, tudo está perfeito.
Colesterol
O colesterol também costuma ser algo que aterroriza qualquer um que se depare com uma dieta que, essencialmente, prega o consumo intenso de gordura. Pois bem: no meu caso, os indicadores estão beirando à perfeição: o chamado colesterol bom está alto, o mau está baixo e o total está razoável. Mas, mais importante do que isso, é a relação entre os triglicérides e o HDL (este sim um indicador mais relevante).
Quando se divide triglicérides por HDL-Colesterol, obtem-se um resultado que precisa ser comparado a três faixas: se estiver acima de 4, o perigo pode ser considerado maior; entre 2 e 4, está alto; até 2, está ideal. No meu caso, o resultado está em 0,71: perfeito, dado que se trata de um número que precisa estar no menor patamar possível.
Insulina
Finalmente, há a questão da insulina. Uma dieta low-carb tem como efeito óbvio fazer os níveis de insulina despencarem. E, de fato, no meu caso, eles foram parar abaixo do desejável há cerca de 8 meses. Não que fosse algo preocupante, mas decidi ser menos radical e me permitir comer um pouco mais de carboidrato no cotidiano. Hoje, meu consumo de carbos está na casa dos 100-120g diários (versus 20-50g no começo).
Funcionou: minha insulina está em um patamar muito, muito bom, de 4,6, com os demais indicadores tendo permanecido perfeitos.
E no geral?
No geral, eu não poderia estar me sentindo melhor. A disposição é grande, a necessidade de combustível para provas longas é relativamente pequena e a sensação de força, de bem estar, em todos os aspectos, está altíssima.
E ainda posso comer bacon 🙂