Sempre me perguntei porque, exatamente, existe o tão sagrado “day-off” – aquele dia, uma vez por semana, em que o atleta é praticamente proibido de treinar.
Pesquisei, estudei, naveguei, fucei, e a única conclusão que consegui chegar foi que o “day-off” é tipo “alongamento”: uma crença quase religiosa que, de tão cegamente repetida, passou a ser encarada como verdade absoluta mesmo sem nenhuma base científica séria.
Não estou dizendo que o correto é devastar o corpo com treinamentos intensos sequenciais, claro – é óbvio que o resultado disso seria algum tipo de lesão potencialmente grave. Mas há muitos números entre o 8 e o 80.
Nessas últimas semanas, meu treinador me passou planilhas com atividades de segunda a segunda. Alternadas, claro, para evitar sobrecargas musculares: segunda, quarta e sexta corro, terça, quinta, sábado e domingo, pedalo. Tudo com diferenças entre cada dia: há os mais intensos, os regenerativos leves, os coalhados de subidas, os feitos de tempos.
Mas não há nenhum descanso, nenhum dia devotado ao ócio esportivo. O mais incrível de tudo isso? Não só não morri como estou sentindo este período de base do treinamento render muito, muito mais.
Tenho também acompanhado os resultados disso pelo Training Peaks: a fadiga, obviamente, está aumentando de maneira suavemente cumulativa – da mesma forma que o fitness, o segundo dos seus indicadores mais importantes. Tudo isso é positivo: significa que minha musculatura está se adaptando a cargas maiores (ou, em termos mais diretos, se aprimorando). E tenho, claro, sentido os efeitos desse novo ritmo no corpo, que tem ficado cada vez mais constantemente disposto sem que nenhuma exaustão fora do previsto ou dor lancinante o tire do prumo.
Ou seja: o resultado prático de abandonar o “day-off” foi exatamente o óbvio: ganhar um dia a mais na semana de treino.
Treinamento esportivo é uma coisa curiosa: tem tantos dogmas, tantas pregações cegas e ôcas que, em muitos casos, o melhor a fazer é justamente experimentar seguir o bom senso.
Ou alguém realmente acredita que, lá atrás, quando evoluímos para o homo sapiens, nossos antepassados se davam ao luxo de tirar um “day-off” por semana para evitar lesões? Ou pior: que essas dezenas de milênios de evolução se desfizeram tão completamente com os poucos séculos em que o homem se habituou ao sedentarismo? Convenhamos: nada disso faz sentido algum.
Oi!
Sou “fã” dos day-offs. Funcionam muito bem pra mim. Acho que a inclusão de outras modalidades muda o panorama, particularmente porque muda o tipo de desgaste. Na minha experiência exclusiva de corrida, alguns treinos extras não agregaram nada e impediram uma recuperação mais completa para o treino seguinte.
De qualquer modo, gostei muito do texto e sempre fica algum aprendizado. Repassei para um monte de gente!
abs