A academia era gigante: tinha salas diferentes para os mais diversos esportes, algumas piscinas, um pátio cheio de esteiras e um quase confuso movimento de abelhas ocupadas.
“Marquei de vir hoje”, arrisquei em um italiano que mais parecia finlandês (ou tupinambá).
“Atestado médico!”, a atendente gritou de volta.
Não sabia do que ela estava falando.
Levei uma bronca em alta velocidade como se estivesse na escola. Tentei argumentar que não era daqui, que vim apenas para a semana, que obviamente não tinha atestado e que, pelo telefone, ninguém me disse que isso seria necessário.
Depois de um debate digno dos parlamentos romanos, ela me liberou.
“Apenas por hoje!”, gritou.
“€35!”, gritou novamente.
Entreguei, já mal humorado, uma nota de €50.
“Não tenho troco. Tente trocar na padaria da esquina!”
Olhei a nota de volta. Pensei em mandá-la a todos os lugares inóspitos de todos os idiomas, mas me contive. Pensei em desistir. Despensei: a planilha anda gritando ainda mais alto comigo por conta dessa viagem e esse pedal realmente era necessário. Fundamental. Vital.
Troquei o dinheiro.
Voltei, entreguei o montante exato e recebi um aceno quase displicente. Entrei.
Na sala de spinning, o instrutor já foi me avisando que não havia mais bikes disponíveis e que eu devia ter reservado antes.
Contei que reservei, que a moça havia me dito que bastava comparecer. Ele pareceu confuso e irritado, tenso. Falou alguma coisa qualquer. Saiu.
Me aproximei de uma bike vazia mas ele logo disse que a dona estava por chegar. Disse e saiu de novo em busca de alguma solução.
Fiquei de pé.
Ao lado, um inglês olhou para mim e, com a habitual calma britânica, me disse:
“Pode sentar. Italianos são todos confusos, mas sempre dão um jeito.”
Sentei.
A dona da bike jamais apareceu.
Em 1h, estava já felizmente dolorido com o treino de spinning: tudo havia dado certo.
(E ainda deu tempo de correr um sprint insano por uns 30 minutos, na esteira, antes de voltar para casa.)
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