Quando cheguei para o treino no sábado, era todo confiança: me sentia novo, já havia rodado 140Km de bike no sábado anterior e, neste, teria uma bem vinda corrida de uma hora seguindo as (apenas) quatro no pedal.
A meta, sair do km 48 da Castelo, enfrentar as paredes da Estrada de Romeiros até Itu e voltar, somando 100km; a partir daí, encaixar mais uma hora de corrida, preferencialmente nas mesmas ladeiras.
E, no começo, fora uma marcha que teimava em não entrar e que soltou a correia duas vezes, tudo fluiu bem. Até a metade, arrisco dizer, quase deslizei pelas montanhas, aproveitando descidas para me sentir Fórmula 1 e treinando subidas como se fossem de algodão doce.
Mas aí… aí veio o calor.
Já na metade do percurso, o sol decidira incinerar o chão. O clima ficou roseano: “não havia sequer uma núvem para adoçar o céu”, diria o mestre Guimarães.
Na volta, o tempo esticou-se junto com o calor, pregando peças. As subidas ficaram mais íngremes, os quilômetros mais largos, o vento, contra. O que deveria ser um passeio suave virou um calvário.
Bom para ensinar humildade.
Quando cheguei de volta na Castelo, estava só o pó.
Mas insisti. Guardei a bike no carro, troquei sapatilhas por tênis e segui Romeiros à frente.
Ou pelo menos tentei.
Quando bati os 2km – dois míseros quilômetros – concluí que aquele era um dos momentos em que o corpo precisava ser ouvido e a planilha, ignorada.
Voltei.
Fechei 4km em 26 minutos.
Me enfiei de volta no carro, liguei o ar condicionado no máximo e me arrastei, ainda ofegante, de volta para casa.
Passei o resto do sábado tentando me recuperar.
Por curiosidade, olhei meu gráfico no TrainingPeaks – o que mede o nível de estresse imposto ao corpo e os efeitos na forma física como um todo.
Assustador: a linha rosa, indicativa de estresse, chegou em um pico tão alto que todo o passado ficou parecendo uma linha plana.
Há a parte boa, claro: quanto maior o estresse, maior é o efeito na preparação física. Mas há – claro – um limite para tudo. E é bom respeitar esse limite com mais… cuidado.
Já havia feito esse mesmo trecho algumas outras vezes; já fiz trechos mais longos, outros mais tensos, alguns até mais íngremes. Mas, ao menos até hoje, nenhum tinha sido abençoado com esse sol sertanejo que decidiu aparecer entre Itu e Pirapora. Fica como uma lição que eu já deveria ter aprendido: o calor pode ser um dos elementos mais fortes de um treino.
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