O texto abaixo não é meu: é do Bruno Curi, amigo corredor carioca que fez a Comrades por dois anos e está prestes a embarcar na terceira aventura. Esse relato, ímpar como todas as histórias geradas ao longo dos 89km da rainha das ultras, é perfeito para quem curte essa prova – e principalmente para os novatos que ainda não fazem ideia da magia que os aguarda.
Ei-lo:
Enfim chegou a hora de escrever sobre a ComradesMarathon. Não há um adjetivo fácil para ela, pois todos (prova, corrida, maratona, ultra etc.) são extremamente reducionistas, então vou chamá-la pelo nome próprio. E deve ser um relato longo, porque quando a velhice terminar de levar minha memória, vou gostar que meus netos – ou cuidadores num asilo – leiam para mim.
Eu pensei em fazer a Comrades pela primeira vez, depois de ficar mais de um ano parado, após ter completado minha primeira maratona (a da Caixa do Rio de 2012). Sentia que precisava de uma motivação extra para treinar e correr. Foi aí que pensei na Comrades, até para que ela me deixasse mais próximo de um condicionamento que me permitisse ficar apto a fazer uma maratona em qualquer lugar do mundo, a qualquer hora – desde que eu mantivesse uma parte do treino.
Voltei então a treinar, em setembro de 2013, já pensando na Comrades de 2015. Sabia que ano ímpar era de subida, e que não seria fácil. Mas sabia que poderia confiar no Eduardo Furtado, e quando ele me disse que isso não seria impossível, voltei para o asfalto.
Foi então que assumi todos os treinos e provas como preparativos para a Comrades. Desde a maratona da Caixa de 2014, passando pela Mizuno Uphill (para ter a experiência de uma maratona de subida), tudo seria focado na Comrades de 2015.
Talvez todo esse planejamento antecipado tenha sido, além de mel, um veneno perigoso, dada a ansiedade que a proximidade da Comrades naturalmente traria – como trouxe. Essa ansiedade cobrou seu preço, e quase me custou a própria Comrades.
Na noite anterior à prova, eu não dormi. Mas como o Brian Swart (amigo que eu fiz por acaso ao traduzir suas preciosas dicas para o português) havia dito, dentre as suas dicas, que isso aconteceria e não provocaria grandes problemas para a corrida – desde que houvesse uma boa noite de sono na antevéspera -, valorizei os poucos cochilos como grandes presentes.
Ao levantar na madrugada do dia 31 para fazer a Comrades, desci para tomar café e comi duas bananas e uma maçã. Era o que eu estava acostumado a comer, e não ousei mudar nada para evitar problemas.
Eu sabia que estava preparado, e bem preparado. Todos os incontáveis treinos que fiz percorrendo o maciço da Tijuca de cima abaixo, me indicavam que eu poderia terminar a prova, sem sobressaltos, exageros ou excesso de confiança, em pouco menos de 10 horas.
A tensão era o maior inimigo. Vesti minhas roupas, o cinto de hidratação, me despedi da Talita e fui em frente.
Na hora da largada, cantei o clássico Shosholoza com voz baixa, para não parecer que eu queria chamar a atenção. Não queria. Precisava ser o mais invisível possível, pois não gosto de falar enquanto corro e não queria queimar oxigênio batendo papo. Cantei baixinho e lembrei das crianças da Ethembeni School cantando essa canção tão curta, mas tão eloquente do ponto de vista histórico e humano, na tarde da quinta-feira. Pensei no Salmo 91. E fui, afinal é isso que Shosholoza quer dizer: siga em frente.
Estava muito tenso. Muito mesmo. Só conseguia pensar se eu teria a capacidade de completar esses quase 88 km. E comecei a duvidar disso, mas sabia que a mim só cabia tentar. Imaginei que, conforme o tempo passasse, isso ia se dissipar. E fui, com uma sensação quase paralisante de que aquela viagem talvez fosse longa demais para mim. Mas fui, cumprindo a ordem de não sair do ritmo dos treinos. Era o que me cabia.
Tentei focar então nas pessoas (milhares ao longo de todo o percurso) que ficavam na beira da pista dando apoio psicológico, comida, bebida e sorrisos. Eram tantas que meus olhos passavam por elas como se eu estivesse no metrô, saindo de uma estação lotada.
Talvez essa variedade de imagens tenha se aliado à forte tensão que eu ainda sentia, e se transformou no pior enjoo que eu já senti na vida até hoje. Meu estômago ficou duro como uma pedra, e isso simplesmente inviabilizou minha estratégia de alimentação e hidratação.
Eu sabia que isso não era nada bom. E o enjoo se agravou. Foi quando eu comecei a sentir que meu ritmo não ia poder se manter, e a possibilidade de eu não conseguir completar a Comrades começou a se tornar real. E eu precisava lidar com isso.
Ao mesmo tempo, eu não podia me dar ao luxo de parar para pensar olhando para o horizonte. Cada segundo conta, porque havia 6 pontos intermediários de corte, mais o corte final de 12 horas. E eu sabia, naquele cenário, que não apenas as minhas 10 horas iniciais já não seriam cumpridas, como seria uma vitória imensa completar o percurso nas 12 horas.
Foquei no pequeno terço que eu levei comigo, e voltei a rezar como eu rezei antes da prova começar. Peguei a esponja com o perfume da Talita que o Brian me recomendou levar, e comecei a cheirá-la para me sentir vivo. E fui em frente.
Ao mesmo tempo, pensei que o fato de a prova ser muito longa era, paradoxalmente, um bom fator: eu teria tempo de consertar o carro, mesmo andando. Só não podia parar; precisava redefinir a estratégia e seguir do jeito que desse. Pensei num novo desenho, pedi a Deus que estivesse certo, e fui.
Chegou a hora do primeiro dos “Big 5 hills” (Cowies Hill), e eu segui. Alternando trotes e caminhadas, fui como podia, lutando contra o enjoo, e torcendo para que, uma vez que eu o vencesse, começasse a melhorar.
Venci o morro, mas não o enjoo. Pensei, “ok, passando Fields Hill a coisa melhora”.
Cheguei a Fields Hill. E sabia que ali era um grande marco que eu mesmo me havia estabelecido. Precisava ganhar desse morro, e segui a mesma tática de Cowies – andando e trotando, ainda que não na forma e nos tempos que eu imaginava. O importante era seguir em frente.
Felizmente passei o morro, mas o enjoo persistiu. Foi naquela hora que o Nato Amaral e o Rodrigo João passaram por mim. Os caras são muito ídolos; eles venceram o desafio Unogwaja e estavam ali, depois de 10 dias de bicicleta heavy (1700km), correndo e seguindo em frente. O Nato teve direito até a quebrar a marcha leve na antevéspera da prova, o que deve ter sido inimaginável em termos de cansaço e superação. Meu peito se aqueceu quando eu gritei pelos dois e o Rodrigo veio falar comigo, com um sorriso largo que me inspirou a manter a pegada.
E pouco depois de o Eduardo “Cracrá” passar por mim no km 37 (vou colocar o video no album da Comrades), eu fiquei tonto depois de um trote, e decidi que precisava dar um fim nisso antes que isso desse um fim em mim. Parei em um banheiro químico e forcei o vômito de todas as formas possíveis. Nada saiu. Foi quando eu concluí que eu era o meu maior inimigo ali.
Lembrei da frase do livro “O monge que vendeu sua Ferrari” que o Leonardo Costa me deu de presente, a qual diz que a mente é um servo maravilhoso, mas um senhor muito cruel. E ela estava sendo um terrível feitor. Mas, uma vez que eu havia percebido qual era a origem de tudo, só podia encarar a briga e seguir em frente.
Sabia que vinha Inchanga pela frente, com a belíssima vista do Vale dos 1000 morros e o local onde eu deveria prestar um tributo antecipado ao meu amigo Brian, que pediu para que sua cinzas um dia sejam jogadas ao vento a partir da encosta daquele lugar magnífico.
Passei por lá, fiz minha oração para o Brian e dei “olá” ao Arthur’s Seat rezando muito para que minha segunda metade pudesse ser digna.
Mais ou menos por essa altura, o “ônibus” dos sub-10 passou por mim cantando “who let the dogs out?”, e eu senti que eu nunca mais o veria. Tudo bem, aquela era uma referência, mas o importante era completar a prova. Minha preocupação era que o sub11 chegasse, e depois o sub12, e eu estaria praticamente fora.
Segui em frente. Lembrei da Easy Company, dos “band of brothers” e de todos os seríssimos problemas que eles enfrentaram para conseguir lutar no meio da guerra. Garotos com 18 anos recém-feitos, precisando se ajudar para conseguir sobreviver em território inimigo. E pensei que eu não era nada perto daquilo. Que eu teria que seguir. E segui, pensando pelo menos em chegar à Ethembeni School. Precisava dar um tapa na mão daquelas crianças tão especiais, tão carentes mas tão acolhedoras. O “Shosholoza” que elas cantaram me veio à cabeça, e eu fui mirando chegar lá.
Ao longo de todo esse tempo, rezava e cheirava a esponja.
Acabou então a bateria do primeiro dos dois MP3 que eu levei para escutar música e me orientar pelos trechos. Eu sabia que ainda faltava um bom pedaço para colocar o outro, então corri em silêncio e rezando. Achei até bom, porque assim podia rezar mais em paz.
Quando finalmente cheguei à Ethembeni, o enjoo passou. Eu estava totalmente comprometido com a nova estratégia que eu havia adotado, que consistia em beber coca-cola e repositores energéticos, com alguma água quando o corpo pedisse. Assim eu evitaria a hipoglicemia e teria mais chances de chegar. Era o que importava. E fui.
Pouco depois, liguei o som de novo. Mas sentia que a hidratação e a alimentação inadequadas já estavam cobrando a conta: não conseguiria mais correr subindo. E ainda faltava pouco mais que a metade da prova.
Ali eu senti quase uma certeza de que não conseguiria, e pensei em quantas pessoas eu decepcionaria se eu fosse cortado por insuficiência de tempo antes da linha de chegada. Pedi a Deus mais uma vez que me ajudasse, e fui.
O que me consolava é que eu sabia que a prova era um grande tobogã, e que havia muitos trechos de descida em que eu poderia descer correndo, para compensar os trechos de aclive em que a caminhada seria obrigatória. Precisei esperar nessa estratégia, porque era a única que me cabia seguir. “Fé em Deus que tudo vai dar certo”.
A cada posto de hidratação eu me dava um banho de água: cabeça, peito e costas. E no posto seguinte (cerca de 10 a 15 minutos depois) eu já estava seco, de tão forte que o sol estava. Inclemente, em rodovias praticamente sem sombra e em um céu lindíssimo sem nuvens. Lindíssimo, mas extremamente cruel.
Passei a correr sem viseira, porque ela me ajudava no enjoo ao abafar minha testa. Só pensava em me manter íntegro e que pudesse chegar ao final. Parei em umas 2 estações de fisioterapia para ganhar uma abençoada massagem de pedra de gelo nas pernas. E diferente do glúteo, em que eu pedi massagem lá na metade em Drummond, eu já precisava de massagem nas pernas todas.
Numa dada hora, o “ônibus” dos sub11 passou. Veio um gelo na espinha, e eu só conseguia pedir a Deus que me ajudasse. Roguei a Cristo que, por suas chagas, me permitisse superar as minhas dores e que eu pelo menos pudesse andar, para não cair no asfalto. Meu pé direito puxava sozinho para o lado, porque um dos músculos da canela ganhou vida própria e o desviava antes da pisada. Eu pensei “ok, se eu posso andar, vamos em frente”. Fiz as contas do quanto faltava e vi que, se eu mantivesse um certo ritmo, eu poderia fechar a Comrades dentro das 12 horas. E fui.
E nada de o sol se esconder. Já eram mais de 16h e o sol não dava trégua, nem diminuía sua intensidade. Consegui comer umas castanhas. Só umas, que dividi com um sulafricano que caminhava ao meu lado e que acabou ficando com o pacote todo. Fiquei feliz por tê-lo ajudado, e eu não conseguiria mais comer.
Pouco tempo depois o “ônibus” sub 11:30h passou, e eu senti que estava no último tropel. Mas pouco me importa isso, eu precisava era completar. Foi quando eu olhei para mim mesmo e disse que, se eu fosse bonzinho, não fecharia a prova. Eu precisava ser sangue ruim se quisesse chegar ao final.
Mais à frente uma dupla pregava a cristandade e dizia que com Cristo nada era impossível. Eu os cumprimentei e mostrei meu terço, e em troca eu recebi um colar de crucifixo com passagens bíblicas. Vesti o colar e caí em prantos. Chorei agradecendo a Deus por me permitir estar ali, e agora me emociono ao me lembrar dessa hora.
Segui em frente, confiante de que poderia chegar, desde que Deus me conservasse de pé. Percebi que, mantendo a estratégia de correr nas descidas e andar nas subidas (e agora também nos planos), no meu ritmo de caminhada, eu poderia completar a prova sem sobressaltos.
E eis que o ônibus sub 11:30h passou por mim. Confesso que não entendi e continuo sem entender isso. Não sei se fui abduzido e depositado mais à frente, mas eu com toda certeza veria o ônibus se eu passasse por ele. Só posso creditar isso a Deus. Não tenho explicação plausível para isso, até porque nesse meio-tempo eu parei em uma estação de fisioterapia para mais uma massagem.
Vieram então Little Pollys e Polly Short’s. Eu andei nas subidas e corri nas descidas em Little Pollys, e andei inclusive as descidas de Polly Shorts quando constatei que bastava andar para chegar. Mais ainda: não só não mudaria nada se eu corresse, como ainda arriscaria eu ter uma lesão que me eliminaria da prova logo a essa altura. Melhor andar. E fui.
Ganhei uma injeção de ânimo quando tocou no MP3 “Iron Eagle”. Cantei a plenos pulmões e alguns corredores se assustaram com os gritos e agudos hahahahhhaha Finalmente ali eu fiquei bastante confiante.
Lá pelo km 86, um momento comédia quando uma “shemale” pediu o número do meu telefone. Eu caí na risada, e rimos juntos.
Ali naquela altura as pessoas já diziam que eu havia terminado, e o que é bem legal dessa prova é que as pessoas te chamam pelo nome. Incontáveis pessoas diziam “Go, Bruno”, “don’t give up, Bruno”, “you’re doing good, Bruno”, “keep going, Bruno”, que pareciam meus amigos de longa data.
Foi importante, por outro lado, um camarada que me olhou bem sério e disse para eu não comemorar ainda, porque faltava pouco, mas a Comrades ainda não havia acabado.
Encontrei então com meus companheiros Cláudia Lacerda e PH. Eles estavam andando e trotando, e reclamaram igualmente de enjoo. A Cláudia e o PH foram dois herois porque superaram uma série de problemas graves, antes e durante a Comrades, para conseguir completá-la. Caminhei com eles um tempo e segui, porque eu não podia alterar meu ritmo em hipótese alguma sob pena de eu me lesionar. Pior: tropecei em um camarada enquanto falava com eles, e minha perna direita travou toda: graças a Deus em dois passos ela se ajeitou novamente.
Segui em frente beijando a esponja e repetindo um mantra: “estou chegando, Talita; estou chegando”. Eu sabia que ela estava lá na linha de chegada, e eu precisava chegar para encontrá-la.
Nos 500m finais, pensei “vindi, vini, vinci”. E agradeci muito a Deus por isso.
E completei. Num grito de felicidade, agradeci a Deus ao cruzar o pórtico final. Foi por ele que eu consegui completar a Comrades.
Tenho muito que agradecer a Talita Curi, porque ela foi simplesmente fundamental para que eu pudesse realizar esse sonho. Desde antes da prova, com toda sua compreensão em me ver dormir cedo, saindo à francesa no meio de encontros com os amigos, para poder treinar cedo. E lá em Durban, antes da prova, me ajudando a ter um sono tranquilo. E em Pietermaritzburg, na chegada, ao me conseguir comida e me ajudar a trocar de roupa, apesar de todo meu corpo estar travado.
Penhoro meus eternos agradecimentos também ao Eduardo Furtado, por ter me tirado da esteira em 2011 e me permitido chegar à Comrades em 4 anos. O cara é fera demais. Ele, aliado às orientações nutricionais e fisiológicas do Dr. Rogério Frossard, foi a peça mais importante para que eu estivesse preparado de modo adequado para essa prova. Se eu não estivesse pronto para fazer normalmente em 10 horas, eu não teria completado nas 12h. Simples assim.
E também no pós-prova o Ricardo Nishizaki se revelou um puta amigo. O cara simplesmente me apoiou enquanto eu desmaiava, meia hora depois da chegada, porque minha pressão caiu como um foguete quando o corpo percebeu que tinha comida no estômago. Ele, Talita, Leandro e Alex foram meus anjos da guarda. Meus eternos agradecimentos a vocês, grandes “Comrades”.
Claro que a Cristiane Marinho não pode ficar de fora. Minha parceira de treinos e provas, me faz crescer muito como atleta e é uma amiga maravilhosa. Enquanto eu subia a Inchanga, pensei nas palavras que você me disse aqui em casa no fim de semana anterior ao da viagem. Elas foram fundamentais.
E não só ela, como todos os Corredores de Rua, cuja foto eu levei na minha coxa direita, e que inúmeras vezes eu acariciei pensando em ter vocês todos por perto. Nessas horas eu sabia que não estava sozinho.
E mais todos os amigos, que sempre me deram incentivo, mesmo achando que eu era maluco heheheheheh cada um foi importante. Eu lembrei de cada palavra de apoio ao longo do tempo.
E no fim disso tudo, depois de muito pensar na Comrades, em todas as suas etapas, cheguei à conclusão de que ela é o maior “rito de passagem” que alguém pode ter. Eu de fato era um antes e sou outro depois. O que eu aprendi sobre mim mesmo, não tem nenhum terapeuta que possa ensinar. E entendi perfeitamente os mitos Ronald Speirs, Dick Winters, Wild Bill Guarnere e outros da Easy Company, quando, perguntados sobre sua atuação na 2a Guerra, disseram apenas “fiz o que tinha que fazer”. É isso: ao mesmo tempo tão simples e tão difícil.
A Comrades, mais do que uma ultramaratona, é uma jornada ao autoconhecimento. Você se testa, se examina, conversa consigo mesmo e passa a conhecer as suas fronteiras. E isso não vem pelo fato de completar a prova; isso acontece ao longo da prova.
Só sei que, pouco depois de ter completado a Comrades, me veio à cabeça a música “My Way”, que para mim vai passar a ter um significado muito especial. Agora eu a leio a partir do ponto de vista de uma corrida muito, muito dura, que afinal de contas é a vida. E como disse o velho Frank…
Yes, there were times, I’m sure you knew
When I bit off more than I could chew.
But through it all, when there was doubt,
I ate it up and spit it out.
I faced it all and I stood tall;
And did it my way.
Shosholoza.
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