A magia do cross-training

Fica difícil, eu sei, chamar o que eu estou fazendo de cross-training. A rotina sobre a bike e sobre o tênis é tão dividida que, na prática, estou simultaneamente focado nos dois esportes. Nem poderia ser diferente: o Unogwaja exige isso.

Mas, ainda assim, dá pelo menos para entender a mecânica, os benefícios de se dividir o foco para manter-se permanentemente ativo.

Domingo fiz minha ultrinha de treino para a Comrades, colhendo 53km. No final, terminei inteiro, intacto e motivado – mas com as óbvias dores nas pernas e articulações que já se espera ao fim de cada prova longa.

Normalmente, minha segunda e terça seriam de descanso, permitindo que as dores fossem diminuindo gradativamente até que, lá para quarta, as condições mínimas para correr reaparecessem.

Não foi o que aconteceu. Seguindo a planilha, já amanheci na segunda montado na bike. Girei pouco, cerca de 1h30, e de maneira leve.

Foi uma espécie de remédio mágico: a cada revolução do pedal, sentia como se a musculatura fosse aliviando-se, limpando-se da camada espessa de cansaço que a cobria e, de certa forma, dificultava seus movimentos.

Em 10 minutos estava melhorando a olhos vistos. Em 30, renovado. Em 1h, sorrindo à toa.

Quando terminei, estava tão inteiramente recuperado que nem eu mesmo acreditava.

Teria ainda uma sessão de 1h para fazer hoje cedo, mas compromissos de viagem me impediram. Para não perder o treino, fiz o que sei que não se deve fazer e encaixei-o ontem à noite, na academia do hotel, logo antes de dormir.

Duas sessões de bike no dia seguinte a uma corrida de 53K.

O resultado? Fiz essa 1h como se meu corpo já estivesse zerado, pronto, mais inteiro do que antes da largada do domingo. E parei na 1h apenas porque, convenhamos, poucas coisas são mais entediantes que ergométricas ou esteiras – esse negócio de se movimentar sem sair do lugar definitivamente não é para mim.

Mas o ponto é que ontem foi uma descoberta para mim: a melhor maneira de resgatar o corpo depois de um esforço intenso não é descansá-lo: é continuar aplicando a ele mais esforço, ainda que mais leve, porém trabalhando outros músculos e articulações.

Isso pode soar óbvio para quem já faz cross-training há tempos. Para mim, no entanto, realmente foi uma novidade quase mágica!

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