Tinha 1h30 para pedalar hoje na USP. Esta semana, por conta dos 53K do domingo, a ideia era recuperar o corpo e aumentar o volume gradualmente, de leve, até a próxima semana.
No entanto, nem todas as planilhas e tecnologias e fórmulas matemáticas conseguem interpretar corpo e mente com a devida fidelidade.
Eu deveria estar cansado, buscando o ar tapado pelo acúmulo de treino e agradecendo aos céus pelo descanso. Não estou.
Ao contrário: desde segunda me sinto totalmente recuperado e com a motivação a mil, praticamente transbordando endorfinas.
Assim, se em duas ou três ocasiões nos últimos meses eu acabei diminuindo o treino por conta de cansaço, nesta eu deixei a planilha de lado, ouvi meu corpo e aumentei. Não muito, é verdade: meia horinha, fechando assim 2h na USP que me permitiram subir mais subidas, respirar mais a manhã que surgia, beber a paisagem que se abria com aquela brisa suave que costuma anteceder os dias quentes, soltar a perna no pedal.
Só não foi a melhor decisão que poderia ter tomado porque, verdade seja dita, bem que uma outra horinha por ali teria me feito bem. Ainda assim, posso dizer tranquilamente que cumpri o principal objetivo de um treino: terminá-lo me sentindo imensamente melhor e mais realizado do que quando comecei.
Costumamos pregar a necessidade de se ouvir o corpo como uma espécie de alerta para não exagerarmos no volume de treino e não desenvolvermos uma lesão. E isso tem seu sentido, claro – mas não é apenas o corpo que precisa ser ouvido e considerado, principalmente em um treino para provas de endurance. A mente também precisa ser ouvida, endereçada, cuidada.
E, às vezes, ouvi-la pode significar fazer o inverso do que manda a sabedoria popular. Às vezes, ouvir a mente significa se deixar levar pela empolgação, deixar a planilha um pouco de lado e dedicar-se justamente a colher a motivação que, na prática, será responsável por boa parte de qualquer prova longa.
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