Princípio da especificidade?

O princípio da especificidade diz que devemos nos focar quase que exclusivamente no esporte que temos como alvo.

No meu caso, ao menos no curto prazo, esse esporte é a ultramaratona, que já tem a minha dedicação total desde 2013, quando me aventurei nos 56km da Two Oceans. Mas, inegavelmente, minha velocidade passou a cair gradativamente na mesma medida em que as distâncias e os volumes de treinos iam crescendo.

Maratonas feitas a pace abaixo de 5 minutos, por exemplo, passaram a ser uma história distante, bem distante da realidade. E isso não me incomodava (exceto nas provas qualificatórias para a Comrades, quando precisava me esvair em suor e ácido lático para garantir um sub-4 horas mínimo).

Mas não se incomodar, claro, não significa estar satisfeito: que corredor não quer melhorar seus tempos, afinal?

De repente, os meus passaram a melhorar – e muito.

Como? Fazendo o oposto do que costuma ser pregado: largando de lado o princípio da especificidade e treinando simultaneamente para natação e ciclismo, encharcando o corpo com cansaço imposto em outros grupos musculares e impondo uma óbvia melhora cardiovascular.

De repente, meu pace lento de 6 min/km sofreu um upgrade para 5’30/ km e meu pace rápido, então na casa dos 4’30, voou para os 3’40 ou 3’50.

De repente, o tempo que levava correndo do trabalho para casa despencou sem que a sensação de esforço tivesse sequer se alterado.

De repente, me senti entrando quase que em um outro nível.

Bom… não quero desdizer nenhum princípio ou teoria científica com base apenas no meu próprio empirismo – mas esse negócio de cross-training extremado tem operado milagres para os meus tempos.

E tem me feito ficar bem mais contente com eles também – além de curioso quanto aos meus resultados reais nas próximas provas.