Dieta low carb, high fat: 3 anos e meio depois…

Quase três anos e meio se passaram desde que aboli grãos e farináceos da minha dieta, substituindo a base energética da minha alimentação de carboidrato para gordura.

Venho registrando meus exames quase semestralmente – algo necessário dado que venho de um histórico tenso de saúde por conta da minha cirurgia hepática há 10 anos. E, também por isso, a cada vez que passo no hospital para tirar sangue tenho que controlar minha ansiedade e nervosismo por conta dos resultados.

Bom… fiz os exames todos na segunda para avaliar como anda o corpo depois de uma mescla de anos seguindo uma dieta com pouco carboidrato e muita gordura somada a um estresse físico imenso (natural para quem pratica esportes de ultra longa duração).

Cabe aqui um pequeno disclaimer: é comum, absolutamente comum, eu ouvir de terceiros que uma dieta desse tipo funciona para mim justamente por conta da prática de esportes. Não é o que a ciência diz. Do ponto de vista prático, uma dieta com baixo teor de carboidrato e alto teor de gordura funciona para toda e qualquer pessoa, mesmo que seja absolutamente sedentária, justamente por controlar de maneira precisa a produção de insulina no corpo. Não entrarei em detalhes aqui neste post mas, quem quiser saber mais, pode clicar neste link.

Isto posto, sob o aspecto da performance esportiva, uma dieta low carb, high fat (LCHF) tem tanto vantagens quanto desvantagens.

A vantagem: o corpo aprende a consumir energia de maneira muito mais eficiente e duradoura, evitando que se precise se entupir de gel ou outras comidas durante uma prova de longa duração. No meu caso, costumo comer muito pouco durante treinos longos ou provas – sendo que já largo em jejum, sem sentir fome nenhuma. Para ultramaratonas, isso é perfeito.

A desvantagem? O uso de gordura como combustível primário transforma o corpo em uma espécie de motor a diesel: ele é resistente e duradouro, mas menos explosivo que gasolina. Em outras palavras: se você curtir provas curtas, como corridas de 5 ou 10km, provavelmente terá um desempenho melhor usando carboidratos como combustível primário. Mas isso, repito, é uma análise simplista feita unicamente sob o aspecto da performance esportiva. Se o foco for saúde, uma dieta rica em gordura e pobre em carboidrato certamente será mais eficiente e melhor.

Bom… feito esse disclaimer tão grande, vamos aos meus resultados de controle:

Indicadores hepáticos

Os indicadores mais sensíveis para mim são os hepáticos (claro). Infelizmente, o pedido de exame acabou omitindo o Gama-GT, um marcador importante para a análise completa. Devo fazê-lo mais adiante – mas, ainda assim, tudo se manteve estável ou melhor.

Considerando TGO, TGP e Ferritina, o último sempre foi o mais importante por conta do meu histórico (níveis altos demais de ferritina podem indicar a formação de tumores). Neste último exame, o marcador caiu para o mais baixo nível desde a minha cirurgia.

Colesterol

O colesterol também costuma ser algo que aterroriza qualquer um que se depare com uma dieta que, essencialmente, prega o consumo intenso de gordura. Pois bem: no meu caso, os indicadores estão todos ótimos. Além disso, a relação entre triglicérides e HDL (esta sim bem mais relevante) continua significativamente abaixo do considerado o mínimo ideal.

Insulina

Finalmente, há a questão da insulina. Uma dieta low-carb tem como efeito óbvio fazer os níveis de insulina despencarem. E, de fato, no meu caso, eles chegaram a parar abaixo do mínimo desejável há algum tempo. Maneirei um pouco no radicalismo e inseri um pouquiiiiiinho mais de carboidrato no cotidiano. Resultado: a insulina está lindona, nos 3,2 mcIU/mL.

E no geral?

No geral, tudo está perfeito. A disposição está grande, a necessidade de combustível para provas longas continua baixa e a capacidade de lidar com um cotidiano que inclui família com duas filhas pequenas, duas empresas e treinos para ultras e triathlon está melhor que eu poderia imaginar.

E ainda posso comer bacon.

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