Reta final

A parte mais dura da semana mais dura já se foi – e se foi devidamente cumprida.

Incluiu, em 4 dias úteis, 40km na segunda, 25km na quarta e 28km na quinta. 93K no total.

O corpo acostumou à mastigação muscular. A cabeça lembrou de como é passar horas e mais horas ensimesmada. A pele, para falar a verdade, curtiu ser queimada lenta e decididamente por esse sol senegalês que decidiu visitar São Paulo.

Hoje, bem-vindo dia de descanso, há algumas dores clamando a misericórdia que terão por 24 horas – tempo que o corpo também já entendeu como folgado para se sarar.

Sim, há mais no final de semana: 40K amanhã e 17 no domingo, fechando os 150K da semana… mas isso já não me preocupa tanto.

Porque o mais importante no treino para uma ultra como a BR135 e seus 220km não é saber lidar com a dor ou com o cansaço: é habituar o corpo se encaixar na disciplina determinada pela cabeça ao ponto que até as pontadas nas pernas e nos pés fiquem em um distante segundo plano. E este objetivo já posso considerar como feito.

Ainda há muitos quilômetros até a largada, no dia 17 de janeiro… mas a parte mais difícil, a parte mais desafiadora, se foi ontem. Agora é como se fosse uma reta final até lá.

E, como toda reta final, é suspirar alívios antecipados, sacudir a poeira e continuar seguindo com um pé à frente do outro.