Se tem uma coisa que eu descobri no triathlon, é que não se tratam de três esportes colados: é um quarto esporte, algo feito da fusão de natação, ciclismo e corrida em uma única “coisa”.
E essa “coisa” é diferente justamente porque inclui uma certa ordem e um processo de transição tanto prático quanto muscular.
Uma coisa é pedalar por horas a fio ou correr até perder a conta da quilometragem; outra totalmente diferente é correr imediatamente depois de pedalar.
As pernas pesam mais; a noção de pace se esvai; o calor parece que se multiplica pelos interiores do corpo.
E a única forma de se engatar nessa dinâmica é – naturalmente – treinando. O nome disso é “brick” (imagino que por conta da sensação de peso extra cimentado nas pernas durante a transição).
Vai algo como pedalar por 20 ou 30km; depois correr por 5km; depois pedalar novamente por mais 20; depois correr por mais 5. As distâncias variam, claro – da mesma forma que as modalidades (já que pode-se também alternar natação com bike).
É uma das sessões de treino mais ricas que pode existir: como as distâncias por “pedaço” são menores, pode-se sair pra a morte sem a preocupação de quebrar no meio do caminho (uma vez que o “caminho” é mais curto e emenda em uma troca de modalidade, onde tudo recomeça). Além disso, esse negócio de acostumar o corpo a transicionar esportes funciona de todas as formas (desde a geração de hábito na transição até o ganho de endurance em cada modalidade). E há o melhor: a troca constante faz tudo ficar mais… divertido.
Sempre tive dificuldade em coisas como tiros ou intervalados: por vir de ultra, minha felicidade sempre esteve mesmo em passar o tempo em pace fixo. Para mim, descobrir essas sessões de brick foi perfeito: distâncias menores por modalidade e trecho, afinal, permitem justamente que se some pace fixo a intensidade alta.
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