A melhor fase do treino

Ultramaratona não é apenas correr distâncias impensáveis por horas a fio: é tirar prazer disso.

Mas quando se treina para alguma prova alvo, é normal estruturar uma planilha com tantos detalhes e fases e ciclos que, por vezes, acabamos substituindo, sem perceber, o prazer pela obrigação.

Não que isso seja um pecado: é simplesmente impossível correr ultras sem uma boa dose de disciplina que certamente inserirá alguma obrigação qualquer nas metas diárias. Faz parte do jogo, do esporte.

Mas, ao menos para quem não é atleta de elite, obsessivamente focado em diminuir tempo a qualquer custo, não custa ceder um pouco ao prazer.

Afinal, que diferença prática fará em nossas vidas cruzar a linha de chegada 5 ou 10 minutos antes se, para isso, precisaremos praticamente trocar endorfina por agonia, angústia, estresse?

Nenhuma, ao menos para mim.

Para mim, o prazer todo vem não dos tempos mais curtos, mas das distâncias mais longas. Das horas na rua, do suor pingando como rio, do sol queimando a pele, da sede incessante e da chegada invisível.

No meu treino para a Comrades desse ano, chegou finalmente a fase dos longões de sábado. Finalmente.

Nada mais de 15 ou 20km em alta intensidade: agora é tudo acima de 30km e em pace confortável de ultra. Agora é correr todo sábado como se estivesse em uma dessas provas maravilhosas que não acabam nunca.

Estava com saudade disso.

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