Triathlon é um esporte com perfil diferente da ultramaratona. E não falo aqui do óbvio de se somar à corrida outros dois esportes, claro. Falo do espírito.
Em geral, o triatleta é hipercompetitivo por natureza, como se o maior inimigo de sua vida fosse o relógio. Nada de anormal para um esporte em que a meta mais desejada – uma participação no mundial de Ironman em Kona, no Havaí – dependa diretamente de performances ridiculamente perfeitas em outras provas da franquia Ironman realizadas em outros lugares do mundo.
Bom… esse, decididamente, não é o meu caso. Meu negócio não é o relógio – eu raramente me estresso com tempos ou performances, mesmo nas mais desejadas das provas em que me inscrevo. Meu negócio é distância, é quilômetro: quanto mais, melhor. Se esses quilômetros forem encaixados então em cenários maravilhosos, daqueles que praticamente impõem sorrisos às nossas faces, tanto melhor.
Eis o Ohana Kahi
E foi justamente caçando provas mais longas – algo difícil de se encontrar pelas redondezas no calendário do triathlon – que me deparei com o Ohana Kahi.
Há, em verdade, duas versões dessa prova: uma de 255km (5 de natação, 200km de bike e 50km de corrida) e outra com metade da distância (127,5km, sendo 2,5km de natação, 100km de bike e 25km de corrida). A que acontece agora, no final de setembro, é a mais “curta” – e foi nela que me inscrevi no instante em que a descobri.
Pela Internet, ao menos, poucas provas parecem tão perfeitas, tão encaixadas no meu modo de encarar o esporte.
A Ohana Kahi é organizada por alguns dos triatletas mais celebrados do Brasil, mas sem a pretensão de se tornar gigante. É uma prova feita por quem curte o esporte para quem curte o esporte. Não há premiação, não há grandes movimentos organizacionais, não há estruturas minimamente próximas do que, por exemplo, um Ironman oferece.
Há, por outro lado, a possibilidade de se nadar no delicioso mar de Ubatuba, no litoral norte paulista; de pedalar pela icônica Rio-Santos, no meio da Mata Atlântica; de correr pela orla, tendo o mar de um lado e as montanhas do outro.
Há os benefícios de uma prova pequena, com apenas um punhado de participantes e tempos de corte para lá de generosos, permitindo que se curta a experiência sem tanto estresse ou pressão.
Há a praticidade de não precisar desmontar e remontar a bike – sempre uma dor de cabeça – ou de tremer de medo com o prospecto de um extravio de bagagem.
Então, no dia 28 de setembro, lá estarei eu largando nessa que será a maior prova de triathlon até agora.
Empolgadasso, devo acrescentar.


