Minha segunda passada já amanheceu denunciada pelo Whoop, que indicava uma recuperação corporal abaixo dos 30%.
Não foi só pela maratona do domingo, claro: foi todo um conjunto da obra. O domingo, afinal, encerrou o ciclo de provas do ano – e o fez deliciosamente dentro da meta que eu buscava como qualify para a Comrades.
Depois disso, depois de um ano com tantas metas e tangas primeiras vezes, nada mais natural que o corpo se entregar e mergulhar em uma espécie de vale de resistência.
Veio dor espalhada por cada músculo, veio febre, veio enxaqueca, veio moleza generalizada, veio sono, veio tudo.
Tudo para me forçar a descansar um pouco, a dormir por algumas horas seguidas a mais, a deixar de madrugar, ainda que por alguns dias, para bater ponto na USP.
Obedeci.
O descanso, uma espécie de reset total, fez um bem que nem eu imaginava. Mesmo atolado na cama, imobilizado pelo peso súbito que cada célula pareceu ter se auto-acrescido, cada punhado de tempo era dividido por sorrisos involuntários, cheios de vontade própria.
E passou-se a segunda. E a terça.
Na quarta, a melhora já era nítida. Pedalei no rolo, em casa, fazendo um trajeto qualquer no Zwift apenas para me soltar. Na quinta, natação.
À noite, sob garoa e frio, na piscina aberta. Não estava mais preocupado com gripe: ela já tinha cumprido seu papel e dificilmente voltaria.
Foi catártico.
Na sexta, estava normal. Corrida, natação.
Pedal longo no sábado, comendo cada quilômetro em voltas e mais voltas pelo Parque Ecológico do Tietê. Ontem, uma corrida de bike no Zwift, acelerando as pernas em velocidade máxima até jorrar ácido lático.
E pronto: tudo novo de novo.
Agora é aproveitar o final de ano com aquele encaixe lindo e sem responsabilidades de água, pedal, corrida. Tudo entrelaçado. Tudo intercalado. Tudo se somando em endorfinas triplicadas sob o sol de um bem-vindo verão brasileiro.
Agora é hora de comemorar o ano que se foi fazendo o que mais gosto: suando livre.

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