Não, não estou com COVID-19 e nem nada do gênero. Mas, como basicamente todo ser vivo que habita esse nosso mundo moderno, estou também passando pelo processo de isolamento.
E não, não acho nada disso exagerado e nem tenho nenhuma teoria da conspiração. Aliás, acredito sinceramente que qualquer um que realmente acredite que todas as autoridades políticas e médico-científicas do mundo estejam em uma crise de pânico deva seriamente considerar um tratamento psiquiátrico.
Mas, por mais que, do lado de cá das trincheiras, eu concorde com todas as medidas sendo tomadas, não dá para dizer que esteja feliz e saltitante com essa nova rotina que começou a ser imposta nos últimos dias.
Estou – como provavelmente grande parte do país – trabalhando de casa. Como, obviamente, o primeiro semestre inteiro foi cancelado, trabalhar agora significa correr para garantir os projetos que se mantém no horizonte e gerenciar as crises que pipocam no dia-a-dia.
As aulas das crianças começaram a entrar em um fase-out. Minha mais velha só tem escola até hoje; a mais nova, até a sexta. Ou seja: até o final da semana precisaremos criar alguma solução para lidar com crianças hiper-energizadas e entediadas dentro de casa enquanto trabalhamos.
Dentro de casa, vale reforçar. Porque toda a área comum do prédio: piscina, quadras etc. – foi fechada por tempo indeterminado. Clubes e outras áreas de lazer, exceto (ao menos ainda) por parques, idem.
E isso nos leva ao tema básico desse blog: o esporte.
Praticamente todas as maratonas do primeiro semestre já foram ou estão sendo canceladas. Quem não conseguiu seu qualify para a Comrades, portanto, está naquele estado de suspensão bizarro, sem saber o que a organização fará para contornar um problema de óbvia força maior.
E isso porque, claro, ainda não dá para saber ao certo sequer se a Comrades efetivamente ocorrerá. A organização soltou um comunicado hoje dizendo que, até o momento, tudo segue confirmado e que apenas no dia 17 de abril eles farão uma nova avaliação. Difícil imaginar que o cronograma não se altere: apesar do Coronavírus ainda não ter chegado com força à África, é fácil se supor que, no momento que ele realmente aportar por lá, se alastrará loucamente em meio à absoluta falta de estrutura das superpopulosas comunidades carentes. Mas, enfim, nos resta esperar e treinar.
O mesmo se aplica à outra prova que tenho no calendário, o Ironman Brasil, no final de maio, lá em Floripa. Ele segue confirmado até segunda ordem, mas já acumula problemas práticos.
Como treinar natação, por exemplo, se todas as piscinas estão fechadas? Sem solução para esse problema.
Por enquanto, as ruas ainda estão abertas para a corrida e, já que a USP é uma incógnita (não se sabe se ela também fechará para ciclistas como já fechou para os estudantes), resta o rolo e o Zwift.
Longões do sábado? Também até que se prove o contrário, sempre há o Riacho Grande para se triatletar, com direito a nado no lago, pedal e corrida na Estrada Velha.
Não serão os treinos ideais, mas é o que se apresenta.
O que mais acontecerá daqui para a frente? mais provas serão canceladas? O Iron será adiado ou cancelado? A Comrades realmente acontecerá? E o Unogwaja 2020, com tantos atletas já em fase total de treinamento e arrecadação de doações? O que acontecerá com o projeto?
Impossível prever. Possível, por enquanto, é encaixar o que der de treinos e tentar se entender com essa nova vida no melhor estilo distópico das ficções científicas.
Sigamos.

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