É engraçado como a rotina se impõe, implacável, mesmo nas mais esdrúxulas das situações.
Duas semanas já se passaram desde que entramos em isolamento aqui. Dias úteis continuam sendo úteis: aprendemos a equilibrar volumes intensos de trabalho (pois sempre há ondas de demandas concentradas quando o mundo muda abruptamente) com atividades para crianças e afazeres domésticos. Fazemos reuniões enquanto brincamos de massinha; penduramos roupa enquanto concebemos algum projeto; fazemos lição de casa enquanto desfazemos algum nó profissional mais problemático.
E, se no começo o estresse acompanhava esse aprendizado forçado de multitasking, aos poucos ele foi cedendo, cedendo, cedendo.
Não que seja fácil, claro: ficar trancado em casa nunca é. Mas quando desenvolvemos uma rotina, fica parecendo… normal.
Isso inclui acordar cedo e partir para o rolo ou para alguma forma de corrida. Inclui fechar os dias com algum tipo de exercício que compense a falta de natação. Inclui preencher esse intervalo com produtividade, seja no trabalho, na família ou na casa.
E inclui, claro, fazer tudo mantendo a mais zen das calmas: estouros mal humorados, afinal, em nada ajudam na convivência familiar em isolamento.
Quanto tempo esse estado todo de aceitação, de acomodação, durará? Difícil dizer, até porque ainda devemos ter mais de um mês de isolamento. Mas o que nos resta é pensar como fazemos em ultras: ignorar a distância até a linha de chegada e pensar sempre no próximo quilômetro.

Deixe um comentário