36 dias.
Parece inacreditável.
De lá para cá já nos habituamos a ver eventos postergados, cancelados ou catapultados ao estado de indefinidos (como a Comrades, por exemplo, que segue sem data de realização).
Já vimos lives gratuitas das mais estreladas bandas do planeta a partir das suas casas.
Já acompanhamos corredores colecionando maratonas feitas em loops de poucos metros em suas varandas e salas de jantar.
Já testemunhamos notícias tristes, esperançosas, devastadoras, inconsequentes, ponderadas.
Ainda estamos tentando matematizar o tamanho da recessão que se imporá sobre o mundo e – pelo menos no meu caso – desistindo de entender a lógica dos que acham que fazer de conta que nada está acontecendo e voltar ao trabalho forçará uma espécie de “retomada econômica milagrosa”, desconsiderando as insustentáveis hordas de mortos que isso fatalmente geraria e a consequente inevitável imposição de um isolamento muito mais rígido e longo do que o que estamos vivendo.
Entre a fé medieval, que já deu tantas provas de ineficiência ao longo da história da humanidade, e a certeza inequívoca da ciência fria, é impressionante a quantidade de pessoas que opta pela primeira.
Enquanto isso, enquanto o mundo segue fechado e as contas permanecem abertas, vamos vivendo um dia depois do outro.
Treinando como conseguimos.
Suando como podemos.
Nos desdobrando como profissionais, como pais, como multi-responsáveis por manter o nosso próprio minúsculo mundo gigantesco girando dentro da normalidade plausível.
36 dias.
Poucas são as ultramaratonas tão longas quanto essa.

Nobre amigo, que texto maravilhoso!!! Irretocável!!!
Posso compartilhar essa pérola?
#vaipassar #bettertopgether #changethehistory
Meu irmão, que bom ler você de novo aqui no blog! Claro que pode, claro que pode!