Não terá largada em frente à magnífica prefeitura de Pietermaritzburg ou ao som de Shosholoza.
Não haverá multidão em cada centímetro do percurso.
Não existirá aquele conjunto de subidas lendárias, as “big 5”, destacando o embasbacante Vale dos Mil Morros, no coração do Império Zulu.
Não existirá a energia do povo gritando incentivos multiculturais pelo caminho.
Não haverá o Arthur’s Seat, a placa em Drummond, o Wall of Honor.
Não terá chegada apoteótica no estádio de Durban.
Mas, ainda assim, contra todas as previsões, haverá uma Comrades lendária.
Amanhã, mais de 40 mil corredores largarão das portas de suas casas para correr a que já é a maior prova virtual da história.
A energia da conexão virtual não será ouvida como sempre foi, fisicamente – mas será certamente transmitida em ondas quânticas por e para cada um dos tantos atletas, refletindo, à perfeição, o espírito dessa prova fundada há quase um século para homenagear justamente o que mais precisa de homenagem nesses nossos tempos: a vida.
Amanhã, às 5:30 da manhã, quilômetros e mais quilômetros de asfalto se estenderão para mim e para tantos outros, por tantos cantos do mundo, que escreverão a história dessa primeira Comrades virtual.
Será inesquecivelmente lindo.
Rumo a Comrades 2022 
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